“Bolsonaro temia que Brasil desandasse com Lula”, diz Tarcísio ao STF
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também negou que Bolsonaro tivesse qualquer intenção de dar um golpe de Estado
atualizado
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), afirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “temia que o Brasil desandasse” com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Tarcísio é uma das testemunhas indicadas pelo ex-presidente e pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres. As audiências são conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
O chefe do Palácio dos Bandeirantes relatou que Bolsonaro demonstrava preocupação com os rumos do país sob o governo Lula, que assumiria em janeiro de 2023. Segundo ele, o único comentário do ex-presidente era sobre o risco de que “a coisa desandasse”.
“O governo ou por uma grave crise. Era uma preocupação de que a coisa sempre desandasse, com o futuro do país. A gente conversava basicamente sobre isso”, contou o governador.
Tarcísio acrescentou que Bolsonaro sempre o incentivou a “acertar, fazer a coisa correta”, compartilhando experiências sobre acertos e erros da gestão. “Era uma preocupação enorme com o futuro, com o pressuposto de que o governo Lula assumiria”, completou.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de Bolsonaro ter participação nos atos de 8 de Janeiro, quando os prédios dos Três Poderes, em Brasília (DF), foram depredados, Tarcísio respondeu que o “presidente nem sequer estava no Brasil” na ocasião.
Ele também negou que Bolsonaro tivesse qualquer intenção de dar um golpe de Estado após perder as eleições presidenciais de 2022. “Várias conversas, jamais tocou nesse assunto. Jamais mencionou qualquer tipo de ruptura. O presidente estava triste, resignado. Conversávamos sobre muita coisa, e esse assunto nunca veio à tona”, afirmou.
Valdemar não depõe
A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres desistiu do depoimento do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, no âmbito da ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura tentativa de golpe de Estado.
Os advogados de Torres solicitaram a desistência de outras testemunhas, como do deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) e do juiz federal Sandro Nunes Vieira.
Até o momento, 43 testemunhas foram ouvidas por videoconferência, e duas apresentaram declarações escritas. As defesas desistiram de ouvir 16 testemunhas inicialmente listadas para depor. Faltam 21, com a conclusão das audiências prevista para 2 de junho. Nesta sexta, haverá nove depoimentos.