Dono da empresa de refrigerantes Dolly é solto em São Paulo
Laerte Codonho é suspeito dos crimes de fraude fiscal continuada, sonegação, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa
atualizado
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O dono da fabricante de refrigerantes Dolly, Laerte Codonho, saiu da prisão após ar oito dias preso temporariamente no 77º Distrito Policial de Santa Cecília, centro de São Paulo. A soltura ocorreu nessa sexta-feira (18/5).
O executivo é suspeito dos crimes de fraude fiscal continuada, sonegação, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Investigadores estimam que as fraudes praticadas pelo empresário tenham gerado um prejuízo de R$ 4 bilhões ao longo de 20 anos.
Na ocasião, o Ministério Público, por meio do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec), confiscou três helicópteros, 13 automóveis de luxo e cerca de R$ 30 mil em moeda estrangeira, além de documentos.
Apesar de estar solto, Codonho terá restrições: ele terá de se apresentar à Justiça todo mês e não poderá entrar em contato com outros investigados — o ex-gerente financeiro da empresa, César Requena Mazzi, e o ex-contador da fabricante, Rogério Raucci, também foram liberados. O executivo não poderá sair de casa aos finais de semana.
Este não é o primeiro problema do empresário com a Justiça. Em 2017, o grupo Ragi Refrigerantes, dono da Dolly, foi alvo da Operação Clone, da Secretaria da Fazenda de São Paulo, por fraudes relacionadas ao pagamento de ICMS. Em fevereiro deste ano, Codonho foi condenado a 6 anos e 7 meses de prisão, pela Justiça de São Paulo, por sonegação de benefícios previdenciários.
Fundada em 1987, a Dolly ganhou notoriedade por fabricar refrigerantes vendidos a preços populares. No início dos anos 90, durante o “boom” desse segmento no país, a companhia cresceu com outras empresas regionais — o Brasil chegou a contabilizar 700 fabricantes de pequeno porte há cerca de 20 anos. Boa parte das marcas locais de refrigerante — que, segundo uma fonte do setor, atuavam com alto grau de informalidade — acabou indo à falência.
A reportagem apurou que dois fatores prejudicaram os resultados da companhia nos últimos anos: as promoções de preço realizadas pelas líderes e a própria redução do consumo de refrigerante no Brasil.
Em 2004, Codonho iniciou briga com a Coca-Cola ao acusar a multinacional de práticas anticoncorrenciais. O que começou como um processo no Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade) evoluiu para críticas públicas, estampadas em outdoors, e culminou com o cartaz exibido pelo empresário durante sua prisão.
No ano ado, a Dolly se envolveu em uma disputa com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Após o órgão recomendar que a empresa tirasse do ar campanha por preocupações relacionadas à publicidade infantil, a fabricante acionou o Conar na Justiça para impedi-lo de avaliar outras de suas propagandas.