Eliziane: áudios de Delgatti embasam quebra de sigilo de Zambelli na I
Eliziane Gama, relatora da MI, acredita que material ajuda na construção de um acordo para quebra de sigilo de Carla Zambelli
atualizado
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A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (MI) do 8/1, Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou, nesta terça-feira (22/8), que os áudios e vídeos que mostram a atuação do hacker Walter Delgatti Neto, publicados pelo Metrópoles, “substanciam” o pedido de quebras de sigilo de novos peresonagens no colegiado. Entre eles, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Material divulgado pelo Metrópoles mostra que Delgatti narrou, para conhecidos, os bastidores das negociações com Carla Zambelli, com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para supostamente planejar a manipulação de uma urna eletrônica.
Nas mensagens, Delgatti dá a entender que ele e o então presidente Bolsonaro teriam se encontrado mais de uma vez. Ele também afirma que tinha proximidade com a família de Zambelli, e que a deputada o tratava “como um filho”. Na segunda-feira (21/8), um áudio entregue à Polícia Federal por Delgatti sugere que a parlamentar teria feito um pagamento ao hacker.
Ouça áudio entregue à PF sobre pagamento de Zambelli ao hacker Delgatti
Nesta terça, Eliziane comentou o conteúdo das mensagens e disse que Delgatti já havia citado o material em uma conversa com ela após o depoimento ao colegiado, na última quinta-feira (18/8). Segundo a parlamentar, o material ajuda na construção de um acordo para quebra de sigilo de Zambelli.
“Quando a gente recebeu o Delgatti, depois perguntei a ele o que ele tinha de prova material e ele fez referência aos áudios e vídeos. Segundo a defesa essas informações já estariam de posse da PF. São informações que a gente tinha e não há dúvida nenhuma, substancia, ajuda, mas a nossa decisão tem base no depoimento que ele fez na última”, pontuou.
Falta de acordo
A MI tinha reunião deliberativa prevista para as 9h desta terça. No encontro, parlamentares deveriam votar uma série de requerimentos. A sessão foi adiada para as 11h e, depois, por falta de acordo, foi remarcada para as 14h. De acordo com Eliziane, ainda não há consenso para a aprovação de alguns requerimentos.
O presidente da MI, Arthur Maia (União-BA), tem se mostrado resistente à inclusão de pedidos contra a família Bolsonaro e nomes ligados ao ex-presidente, como o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira (citado por Delgatti em depoimento), e Valdemar Costa Neto, presidente do PL. É Maia quem decide a pauta das reuniões da MI.
A relatora apresentou pedidos de quebra de sigilo de Nogueira, Jair e Michelle Bolsonaro, Valdemar e do general Lourena Cid (pai do tenente coronel Mauro Cid e investigado pela PF), mas não conseguiu aprovação de Arthur Maia. O pedido de quebras de sigilo desses personagens ganharam força entre a base governista após o depoimento de Delgatti.
“Pedi as quebras. Não consegui construir o acordo em relação às convocações, mas as quebras de sigilo, telemáticos, RIFs. É uma área que a gente tá conseguindo avançar. A gente ainda não conseguiu construir o acordo em torno dos sigilos do Valdemar e dos siglos bancários do Bolsonaro e da Michelle, embora tenha, na verdade, solicitação feita por nós. Eu, como relatora, faço essa defesa”, disse.
A parlamentar quer, inclusive, o o às informações bancárias e o relatório de inteligência financeira (RIF) elaborados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) desses personagens. “O RIF é uma primeira etapa, apenas um relatório. Acho que neste momento devemos aprovar esse RIF tanto do presidente Bolsonaro quanto da ex-primeira dama”, ressaltou Eliziane.