Ex-assessor de Torres se arrepende de posts: “Exagerei na tinta”
Ex-assessor chamou o ministro Luís Roberto Barroso, nas redes sociais, de “adolescente metido a influencer”, e criticou a esquerda
atualizado
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O ex-assessor do Ministério da Justiça Antônio Ramirez Lorenzo se defendeu, nesta quarta-feira (28/5), de publicações que fez nas redes sociais, nas quais chamou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), de “adolescente metido a influencer”.
Ramirez prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) em 2022 – ele participou da sessão com roupa de academia e de dentro do carro.
As oitivas são conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal no STF.
O ex-assessor alegou que a publicação foi feita no “calor da emoção”, mesmo ocupando o cargo de secretário-executivo do Ministério da Justiça na época.
“Vem a emoção das redes sociais. Assim como outros ministros publicaram sugestões de livros ou músicas, acabei emitindo uma opinião. Mas as redes sociais não são arena para isso. Eu devia ter guardado minhas opiniões pessoais para mim e não tê-las exposto em redes sociais”, afirmou.
Ramirez também se justificou por outros comentários feitos nas redes, especialmente após a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, em dezembro de 2022. Na ocasião, ele escreveu que ”assim funciona a esquerda, não tem poder sobre matéria” e que ”o Brasil estava entrando em um buraco vergonho”.
“Exagerei na tinta. A indignação foi porque aquilo não era pauta do Ministério da Justiça, e sim uma questão de segurança pública local, do Distrito Federal. O futuro ministro não tinha poder sobre aquilo, e não precisava dar coletiva”, justificou.
Ao ouvir o argumento, Moraes rebateu e questionou se a tentativa de invasão “não era pauta” do Ministério da Justiça, já que a PF é subordinada à pasta. Ele respondeu que, na sua avaliação, os fatos que ocorriam no interior do prédio eram de competência da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) por se tratar de uma questão de segurança ostensiva.
Blindagem
Ramirez também afirmou, no depoimento, que tentou blindar Anderson Torres de live com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que apontaria “fraudes” nas urnas eletrônicas.
Quando ocupava o papel de assessor direto do ex-ministro, o ex-assessor pontuou que a intenção de blindar Torres ocorreu em razão de o tema da pauta da live ser considerado “polêmico” à época – logo que, inicialmente, a transmissão ocorreria no próprio Ministério da Justiça.
“Foi um evento bastante emblemático no ministério. Recebi uma ligação informando que naquela semana haveria uma live tradicional com o presidente, e a pauta seria urnas eletrônicas. Fiquei surpreso e, em seguida, fomos despachar com o ministro”, citou.
“Eu falei: ‘ministro, a live será no MJ, e a pauta será sobre urnas eletrônicas’. Eu quis retirar a pauta do MJ. A segunda medida seria diminuir a exposição dele nessa live, e a terceira linha de ação seria buscar algum conteúdo essencialmente técnico. Algo que pudesse ser dito sem nenhum comprometimento”, acrescentou Ramirez.
O ex-assessor pontuou que, quando recebeu o telefonema, considerou a pauta da live bastante “polêmica” e “complicada”. “Falei para que, ‘olhe, ministro, a nossa sugestão é que, se o sr. for chamado, fale essas questões técnicas da Polícia Federal (PF) e evite exposição’. Conseguimos que ele não ficasse sentado ali o tempo inteiro. Por muito pouco, ele não participou”, citou. A live ocorreu em julho de 2021.