GSI é “apolítico e apartidário”, diz testemunha de trama golpista
A audiência que ouve testemunhas da trama golpista acontece de forma on-line, e Augusto Heleno acompanha os depoimentos
atualizado
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O Supremo Tribunal Federal (STF) prossegue com as oitivas das testemunhas de defesa em ação que apura suposta trama golpista cujo objetivo era manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota eleitoral em 2022. Nesta segunda-feira (26/5) estão depondo as testemunhas do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.
A audiência acontece de forma on-line, e o general da reserva Augusto Heleno acompanha a oitiva das testemunhas. O militar e ex-assessor de Heleno, Amilton Coutinho Ramos, ao ser questionado pela defesa do general sobre a politização do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, negou o fato. Disse que o órgão é “apolítico e apartidário”.
“Não. Ele (Heleno) era o político. O tempo de 12 anos no GSI (vi) que o órgão é apolítico e apartidário. Ele disse que, em uma palestra, que pela proximidade com o ex-presidente, ele podia atuar nesse papel de assessor político, mas que os demais integrantes do órgão, não. O GSI não foi politizado. O general, realmente, desempenhou esse papel político, inclusive defendendo o presidente em podcasts, entrevistas, entre outros”, afirmou a testemunha.
Ramos detalhou sobre um possível afastamento entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Augusto Heleno durante a gestão.
“O general Heleno perdeu espaço no Planalto. Ele entendeu que o presidente dava prioridade a assuntos do Congresso. Ele continuou atendendo o presidente diariamente, mas apoiando o presidente. Mas, houve um afastamento [entre os dois]”.
O ex-assessor de Heleno negou que o ex-ministro de Bolsonaro teria ordenado pessoas do GSI para comparecer ao acampamento montado por apoiadores do ex-presidente no Setor Militar Urbano, em Brasília. “Em um caso comprovado, um elemento do GSI foi filmado no acampamento e nós recebemos a demanda da imprensa. Despachei com o general Heleno e confirmamos e devolvemos esse militar à Força. Acredito que houve uma responsabilidade judicial a esse militar”.
A testemunha negou que Augusto Heleno teria incitado um possível golpe de Estado.
“Não. Em nenhum momento. Em nenhum momento ele trata da ruptura do Estado Democrático de Direito. Nem mesmo naquele post do Estadão, na opinião dele, ele nunca pediu algo do tipo.”
Até agora, o STF já ouviu testemunhas indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ou seja, de acusação; pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid, colaborador da investigação; pelo general Walter Souza Braga Netto; pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); e pelo ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos.