Justiça começa a ouvir testemunhas do caso de jovem morta por amigos
Ariane Bárbara, 18 anos, foi morta a facadas por pessoas que se diziam amigas; uma delas teria alegado que queria descobrir se era psicopata
atualizado
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Goiânia – A Justiça de Goiás começou a ouvir as testemunhas do homicídio contra a jovem Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, que foi morta a facadas após sair de casa para lanchar com amigos, em Goiânia, em agosto. O corpo foi encontrado dias depois. Segundo a Polícia Civil, a vítima foi assassinada por que uma amiga queria testar se era psicopata e sentiria ou não culpa após o crime.
Ao todo, serão colhidos depoimentos de 17 testemunhas de acusação e defesa em audiência de instrução. As audiências são realizadas pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara e começaram na tarde de terça-feira (7/12).
De acordo com o magistrado, as testemunhas estão sendo ouvidas para obtenção de mais provas do caso. Ainda não é o julgamento. O magistrado explicou que esta fase do processo também serve para decidir se os acusados vão ou não para júri popular.
Réus
No dia 4 de novembro, Jesseir tornou réus por homicídio qualificado os três amigos de Ariane. Segundo a Polícia Civil, a jovem foi morta porque uma amiga queria saber se era psicopata e, para isso, precisava matar uma pessoa para avaliar a reação após o crime.
Os réus são: Enzo Jacomini Carneiro Matos, de 18, que usa o nome social de Freya; Raíssa Nunes Borges, de 19, que queria saber se era psicopata; e Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 22.
A perícia realizada no corpo da jovem apontou que ela levou oito facadas. Uma amiga da Ariane postou foto na internet segurando as duas facas usadas no crime, minutos antes de se encontrar com Ariane, segundo a Polícia Civil.
Uma adolescente de 16 anos foi apreendida à época do crime suspeita de dar uma facada em Ariane e ajudar no homicídio. Por ainda ser menor de 18 anos, o processo criminal contra ela tramita na Vara da Infância e Juventude de Goiânia.
Crime
O corpo da jovem foi encontrado em uma mata do Setor Jaó, coberto por pedras e entulho de obras, em 31 de agosto deste ano. Antes disso, Ariane ficou sete dias desaparecida. No dia em que desapareceu, ela enviou um áudio para a mãe avisando que ia se encontrar com as amigas.
“As meninas me chamaram para comer lá no Jaó. Elas vão me buscar de carro, mãe. Aí eu vou, né? Vai pagar a comida, me buscar de carro e me deixar em casa, sou besta?”, disse a jovem, feliz por sair com amigos.
As investigações da Polícia Civil apontaram que os quatro suspeitos chamaram a vítima para lanchar dizendo que a buscariam em casa e a levariam de volta após o eio.
No entanto, a corporação apurou que o grupo planejou o crime no dia anterior, tendo feito até uma lista de possíveis alvos e escolhendo Ariane por ela ser pequena e, teoricamente, fácil de segurar caso resistisse.
Papéis
O delegado Marcos Gomes explicou como o grupo se organizou para cometer o crime dentro de um carro.
Jeferson ficou responsável por levar o carro, forrar o porta-malas com sacos de lixo (para levar o corpo até o local onde ele seria deixado) e providenciar as facas;
Eles colocaram uma música sobre homicídio para tocar durante o eio e, em um dado momento, o motorista estalou os dedos, o que a Polícia Civil descobriu que era a indicação para Ariane ser morta.
Segundo o delegado, primeiro Enzo enforcou a vítima, depois ela foi esfaqueada – a suspeita é de que a adolescente deu o primeiro golpe e Raíssa o segundo.
As investigações apontaram que, em seguida, o corpo da vítima foi colocado no porta-malas do carro e deixado em uma mata. Jeferson foi flagrado caminhando pela região na noite do crime.
Ainda de acordo com as investigações, o grupo saiu para lanchar logo após o crime e depois continuou convivendo normalmente, inclusive fazendo publicações em redes sociais.