ONU sugere que STF priorize julgamento da Lei do Marco Temporal
A recomendação foi feita pela relatora da ONU, Mary Lawlor, em um documento produzido após uma viagem dela no Brasil
atualizado
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A Organização das Nações Unidas (ONU) sugeriu ao Supremo Tribunal Federal (STF) prioridade no julgamento da Lei 14.701/23, a Lei do Marco Temporal. A recomendação foi feita pela relatora da ONU, Mary Lawlor, nesta sexta-feira (31/1) em um informe sobre a visita dela no Brasil.
ONU a Lei do Marco Temporal
- Mary recomenda que o governo brasileiro acelere as demarcações das terras indígenas como forma de proteger os defensores e defensoras dos direitos humanos.
- O informe publicado nesta sexta-feira (31/1) foi produzido após um viagem de Mary Lawlor ao Brasil, em abril de 2024, e será alvo de um debate público em fevereiro, no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
- “Priorizar com a máxima urgência, em estreita colaboração com o Ministério dos Povos Indígenas e agências relevantes, a demarcação de territórios indígenas”, diz Mary em trecho do relatório.
De acordo com a ONU, as Relatorias Especiais são parte de um grupo de mecanismos conhecido como Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos. No caso da Relatoria da ONU sobre Defensores de Direitos Humanos, o mandato não tem como missão se debruçar sobre o tema “povos indígenas”, senão a situação de defensores e defensoras.
O texto da ONU traz que a garantia territorial é fundamental para defesa e proteção dos “defensores”. “Grande parte da violência contra pessoas defensoras de direitos humanos no país está enraizada no conflito pela terra”, diz Mary.
A relatora da ONU explana que os Guarani e Kaiowá estão entre os povos indígenas do Brasil mais afetados pela tese do Marco Temporal.
“Tendo em vista que a maior parte de suas terras foram tomadas antes de 1988. Ataques a defensores e defensoras dos direitos humanos, que lideram a sua luta para ver os seus direitos respeitados, são generalizados.”
STF
O julgamento da Lei do Marco Temporal está travado no STF desde dezembro de 2023. O texto já foi aprovado pelo Congresso Nacional. O ministro Gilmar Mendes é o relator de duas ações: uma de inconstitucionalidade e outra de constitucionalidade, mas não as levou ao Plenário da Corte.
O ministro decidiu abrir uma Câmara de Conciliação para tratar da controvérsia sem suspender a lei. Por essa razão, entre outras, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) se retirou da Câmara e pede ao STF que julgue a matéria.