Bolsonaro diz que Milton Ribeiro deixou governo “temporariamente”
Declaração do presidente foi dada durante evento de despedida dos nove ministros que deixarão governo para concorrer nas eleições
atualizado
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Durante a cerimônia de despedida dos ministros que devem disputar as eleições deste ano, nesta quinta-feira (31/3), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que Milton Ribeiro, ex-chefe da Educação, não participou do evento porque está deixou “temporariamente” o governo.
A declaração foi dada durante uma fala de Bolsonaro sobre a visita à Universidade Mackenzie, em São Paulo. Ao comentar sobre a instituição de ensino, o presidente citou o ex-ministro. “Não está aqui, infelizmente, o nosso ministro Milton. Nos deixou temporariamente”, afirmou.
Milton Ribeiro deixou o cargo na última semana, após uma série de escândalos no Ministério da Educação (MEC). O pastor pediu demissão e teve exoneração publicada no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (28/3). Em seu lugar, assumiu interinamente Victor Godoy Veiga, então secretário-executivo do MEC.
Nesta quinta, nove ministros foram exonerados para disputar algum cargo político nas eleições de outubro. Por determinação legal, autoridades do Executivo devem deixar os respectivos cargos até seis meses antes do pleito. A data-limite é o próximo sábado (2/4).
Polêmica
A saída se concretizou após vir à tona um suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas do ministério a prefeitos. Ribeiro comandava a pasta desde julho de 2020. Reportagens do jornal O Estado de S. Paulo mostram a existência de um “gabinete paralelo” no MEC, chefiado por dois pastores evangélicos: Gilmar Santos e Arilton Moura, ambos sem cargos oficiais no governo.
A atuação incluiria pedidos de propina de um líder religioso a um prefeito para facilitar o a recursos da pasta. Para agilizar o direcionamento de fundo orçamentário proveniente do ministério, o pastor Arilton Moura teria solicitado R$ 15 mil e 1 quilo de ouro ao prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB).
Em um áudio atribuído ao ministro revelado pela Folha de S. Paulo, Ribeiro afirmou que a intermediação por meio dos pastores atendia a um pedido de Bolsonaro. O fato foi negado pelo ministro posteriormente, em nota.
Após a revelação, a ministra do STF Cármen Lúcia autorizou abertura de inquérito para investigar o ministro da Educação no caso. A decisão atendeu pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Além disso, a Polícia Federal abriu outro inquérito, mas sem incluir Ribeiro no rol de investigados. Segundo a corporação, a investigação atinge apenas pessoas sem foro privilegiado.