Trama golpista: Gonet afasta alegação da defesa de suspeição de Moraes
PGR enviou manifestação ao STF, contrapondo argumentos das defesas dos denunciados de suposto envolvimento no plano de tentativa de golpe
atualizado
Compartilhar notícia

A Procuradoria-Geral da República (PGR) contrapôs, em manifestação enviada nesta quinta-feira (13/3) ao Supremo Tribunal Federal (STF), as alegações apresentadas pelas defesas dos denunciados de envolvimento no plano de tentativa de golpe de Estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Uma das alegações apresentadas pelos advogados foi quanto à suspeição e parcialidade do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo. Para o PGR Paulo Gonet, no entanto, a forma como o pedido foi apresentado torna a “arguição insuscetível”.
Ele alega, ainda, que o plenário da Corte havia analisado alegação de parcialidade do ministro, em momento anterior, quando da apresentação do relatório final das investigações da PF, no fim do ano ado, e negou o seguimento da pretensão.
“A arguição da suspeição ou impedimento do ministro relator não foi deduzida nos moldes estabelecidos pelo Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. No diploma se impõe que a suspeição será arguida perante o presidente, ou o vice-presidente, se aquele for o recusado, em petição autônoma instruída com os documentos comprobatórios da arguição e o rol de testemunhas, procedimento igualmente adotado nos casos de impedimento”, explica Gonet.
Essas regras, no entanto, na visão do procurador-geral, não foram cumpridas pelas defesas dos denunciados. “O defeito torna a arguição insuscetível de êxito, conforme a jurisprudência desse Tribunal”, alega Gonet.
Manutenção das denúncias
ado o período de apresentação das defesas dos denunciados, Paulo Gonet contrapôs os argumentos centrais e se manifestou pela manutenção da denúncia. Ele rebateu, de forma conjunta, as alegações de oitos dos investigados que fazem parte do chamado “núcleo central” da suposta organização criminosa.
A PGR fatiou a denúncia oferecida ao STF sobre os acusados de participação na trama golpista em cinco núcleos. No total, 34 pessoas foram denunciadas. Além de Bolsonaro, estão neste primeiro grupo quatro ex-ministros:
- Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa)
- Anderson Torres (Justiça)
- Paulo Sérgio Nogueira (Defesa)
- Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional)
“Superadas as preliminares suscitadas pelos denunciados, basta anotar, quanto ao mérito, que a fase processual do recebimento da denúncia é juízo de delibação, jamais de cognição exauriente e que, na espécie, a denúncia descreve de forma pormenorizada os fatos delituosos e as suas circunstâncias”, relata o PGR em sua manifestação.
Gonet apontou, ao final, que a denúncia atende, de modo pleno, os requisitos do Código de Processo Penal e, por isso, defende o recebimento dela pelo STF. Com a manifestação da PGR, os autos retornam, agora, à 1ª Turma do Supremo, onde os ministros integrantes decidirão pela aceitação ou não, dando prosseguimento ao caso.