Você sabia que as nuvens estão caindo do céu? Entenda o fenômeno
Nuvens flutuam no céu devido ao delicado equilíbrio entre forças da natureza, como gravidade, pressão do ar e resistência atmosférica
atualizado
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As nuvens parecem tão macias e delicadas para nós, olhando aqui debaixo, que muitas vezes não pensamos em como elas são pesadas. Uma nuvem grande pode ter mais de 500 toneladas de massa acumulada. Mas se elas pesam tanto, como ficam suspensas no céu?
Na realidade, as nuvens são puxadas para baixo pela gravidade a todo momento. Elas não caem no solo e nem saem voando pelo espaço por um equilíbrio entre temperatura, pressão atmosférica e ventos.
As nuvens e a gravidade
As nuvens são compostas por bilhões de gotículas de água e cristais de gelo que se unem em diferentes concentrações. Quanto mais carregadas, mais pesadas ficam.
No entanto, como ocupam uma área muito grande, suas massas acabam divididas em uma extensão proporcionalmente ampla, fazendo com que as correntes de ar ascendentes consigam mantê-las suspensas. É o que explica o físico Nelson Studart, coordenador acadêmico da Ilum Escola da Ciência, do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM).
“Cada gotícula ou cristal é leve o suficiente para se manter sustentada pela corrente de ar ascendente. Além disso, o ar dentro da nuvem é ligeiramente mais quente e menos denso do que a corrente ao redor, o que contribui para sua sustentação”, explica Studart.
O papel da pressão atmosférica
Embora fiquem suspensas, as gotículas que compõem a nuvem não estão nem perto de estarem paradas. Elas ficam em constante movimento dentro das nuvens graças à pressão atmosférica exercida sobre elas.
“O peso das gotas de fato puxa as nuvens para baixo, então elas deveriam cair. Mas a pressão do ar é maior conforme a gente se aproxima do chão, e joga as gotículas para dentro da nuvem de novo”, detalha o meteorologista Micael Cecchini, da USP. O pesquisador é apoiado pelo Instituto Serrapilheira.
Temperatura e ventos
Enquanto isso, a umidade do ar evapora e condensa as gotículas dentro da nuvem constantemente, criando um equilíbrio dinâmico que a mantém no céu. As gotas que esquentam, evaporam e sobem até se aproximarem de regiões mais frias da atmosfera, que as condensam e fazem descer novamente.
Os ventos também desempenham um papel crucial. Correntes de ar que sobem em direção ao céu ajudam a sustentar as gotículas, enquanto ventos horizontais as movem.
Em diferentes altitudes, os ventos podem soprar em direções opostas, criando camadas de nuvens que se deslocam de forma independente: as do topo, para a direita, e as de baixo, para a esquerda, por exemplo.
Dependendo da velocidade e direção dos ventos, elas podem se alongar, desfazer ou se tornar mais densas. Em tempestades, os ventos fortes interagem com nuvens carregadas, intensificando fenômenos climáticos.
E por que elas não saem voando?
Se este sistema funciona impulsionando tanto essas gigantes para cima, também é de se perguntar por que elas não saem voando pelo espaço?. As nuvens estão presas na camada atmosférica da Terra graças à força gravitacional do planeta.
Chuva: a queda controlada das nuvens
Apesar de tanta resistência, sim, as nuvens caem: em forma de chuva. Ela ocorre quando há uma precipitação de parte do vapor de água presente na nuvem.
Quando as gotículas se unem e ficam grandes o suficiente, pesadas e superam a sustentação do ar, caindo como chuva, neve ou granizo, a depender da diferença de temperatura entre o céu e o solo.
As nuvens, no entanto, não desaparecem imediatamente, caindo até sumir. Elas se retroalimentam, podendo continuar a formar novas gotas de forma indefinida. Studart compara o processo a um tanque de água vazando aos poucos.
“A chuva é a água caindo, mas o tanque, que seria a nuvem, não some de uma vez”, conclui.
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