Fazenda sugeriu que indústria da cerveja acionasse STF contra sistema de controle
STF discute decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que determinou reativação do sistema instalado dentro das indústrias
atualizado
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A iniciativa da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) de ingressar como amicus curiae na ação que discute o religamento do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) no Supremo Tribunal Federal (STF) teria sido uma recomendação do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A coluna apurou que a sugestão de Haddad foi apresentada durante reunião no dia 30 de abril, em São Paulo, com representantes da indústria da cerveja. O encontro oficialmente trataria de demandas do setor e das distorções causadas pela utilização de créditos fiscais gerados na produção de refrigerantes para abatimento de tributos devidos por cervejarias, prática que, segundo parte dos empresários, compromete a lógica dos benefícios da Zona Franca.
Estavam à mesa com Haddad, Walter Faria, do Grupo Petrópolis; Mauricio Giamellaro, CEO da Heineken Brasil; dirigentes da CervBrasil, que representa fabricantes menores; e o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas. Dois dias após a reunião, a CervBrasil, patrocinada principalmente pelo Grupo Petrópolis, formalizou o pedido para atuar como amicus curiae no processo, ficando ao lado da Receita Federal contra o retorno do Sicobe. A coluna apurou que a Ambev avalia o mesmo movimento junto ao Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (SindiCerv).
O movimento do setor retoma polêmicas antigas, entre elas delações da Lava Jato que apontaram o uso de caixa dois pelo Grupo Petrópolis, a partir de práticas combatidas pelo Sicobe. O sistema foi desativado em 2016, sob forte lobby dos empresários, e, desde então, a produção de bebidas é autodeclarada, sem controle eletrônico.
Em agosto do ano ado, o TCU considerou irregular a extinção do sistema e determinou a retomada. Em abril deste ano, o ministro Cristiano Zanin, do STF, suspendeu a decisão do TCU, alegando que cabe à Receita Federal definir a fiscalização tributária.