Caso Arlindo Cruz: testemunha diz que procuração é fraudulenta
“Ela [Bárbara Cruz] mexeu nos bens do Arlindo com essa procuração fraudulenta”, garantiu testemunha em entrevista exclusiva à coluna
atualizado
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Mais uma polêmica envolvendo o controle dos bens do cantor Arlindo Cruz, que está fora dos palcos desde 2017 após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Uma testemunha garante que a procuração assinada por Babi Cruz e Arlindinho, esposa e filho do sambista, foi fruto de “facilidades” no cartório em que foi registrada, no Rio de Janeiro.
No último dia 19, a coluna revelou que a procuração é datada de 06 de abril de 2017, menos de um mês após o cantor sofrer um AVC hemorrágico. No documento, consta que Arlindo Cruz nomeou Babi e Arlindinho como seus representantes. Na ocasião, porém, o artista estava internado, em coma, na Casa de Saúde São José, na zona sul do Rio.
Agora, uma testemunha que aparece no documento aponta que o advogado que ajudou na criação do documento teria “facilidades” dentro do 15º Ofício de Notas do Rio de Janeiro, onde a procuração foi registrada.
Em entrevista exclusiva à coluna Fabia Oliveira, Marcielle Bagetti Treptow, ex-mulher do advogado Henrique de Lossio Seiblitz, afirmou que a procuração é fraudulenta. Ambos aparecem como testemunhas no caso, mas Marcielle garante que não assinou o documento.
Facilidades
Segundo Marcielle, o ex-marido tinha livre o ao cartório e levava documentos para casa. “Eu não assinei esse papel. Durante 10 anos de casados, o Henrique sempre teve facilidades com o cartório e levava muita coisa pra casa pra . E por muitas vezes ele pedia que eu assinasse algumas coisas, mas eu não sei o que era, eu confiava. Era a confiança do casamento”, explicou.
A procuração foi registrado no 15º Ofício de Notas do Rio de Janeiro. Marcielle detalha algumas “regalias” do ex-marido. “Ele tinha muitas facilidades, como levar o livro do cartório para casa, pra onde quisesse. Todas as facilidades ele tinha com cartório, por isso esse documento foi feito [lá]. O pai de santo Ubirajara apresentou o Henrique à Bárbara porque sabia que o Henrique tinha essa facilidade com o cartório”.
Ubirajara da Conceição Pinheiro, citado pela testemunha, num recurso conhecido como “assinando a rogo”, é o responsável pela procuração. “Foi uma jogada com certeza, posso te garantir. Ela [Bárbara] mexeu nos bens do Arlindo com essa procuração fraudulenta. E ele não é uma testemunha: é o advogado que fez a procuração e ajudou junto com o cartório a mexer nos bens do Arlindo. Ele foi o intermediador de tudo”, afirmou Marcielle.
Em nota, o 15º Ofício de Notas do Rio de Janeiro afirmou que, após diligências internas, constatou que a procuração em nome de Arlindo Cruz está “perfeita”. “Foi realizada análise do ato, restando comprovado que o ato está juridicamente perfeito, vez que cumpriu com todo os requisitos legais constante no Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça — Parte Extrajudicial, vigente à época”, diz o texto.
O cartório também afirmou que mantém um programa de compliance para oferecer “segurança jurídica” aos documentos registrados. “Importante destacar que esta serventia possui programa de compliance supervisionado pelos consultores de GUSSEM + SAAD + LEMOS BASTO, com objetivo de oferecer a máxima segurança jurídica aos atos lavrados e promover a satisfação dos usuários e a qualidade dos serviços prestados, sempre com foco nos pilares da prevenção, detecção e responsabilização”.
Situação de Arlindo Cruz
Em conversa com a coluna, a testemunha que aponta fraude no documento diz que Arlindo Cruz não tinha condições de assentir com a procuração. “Quando ele [ex-marido] chegou em casa, ele falou que o Arlindo estava em coma e ele deu um beijo na mão do Arlindo, ele estava gelado. O Arlindo não tinha condições nenhuma de nada nem de consentir com nada. Se hoje ele está nesse estado, imagina um mês [após o coma]”, disse Marcielle.
Para a testemunha, o fácil o de Henrique ao cartório favoreceu Barbara Cruz. “Essa facilidade com o cartório ajudou muito a Bárbara. Na época, ela falou que não tinha o a nada do Arlindo. ‘Ah mas estão cuidando bem dele’. Ótimo, está cuidando bem, mas me sinto usada e chateada porque meu nome foi colocado numa procuração que é uma fraude”, ressaltou Marcielle. “Eu entendo hoje que essa procuração é uma fraude e ele [ex-marido] colocou meu nome lá”.
Reportagem da Record
Neste domingo (27/10), uma reportagem da Record tratou sobre o assunto. Nela, Henrique de Lossio Seiblitz disse que Arlindo estava acordado no momento da . “Ele não estava em coma no momento, estava acordado. Demonstrando lucidez pelo olhar. Então, entendi que era viável fazer uma procuração”, disse.
Ele também afirmou que a ex-esposa estava no local no momento da . “O cartório colheu a digital do Arlindo. O senhor Ubirajara assinou a rogo, eu assinei como testemunha e Marcielle assinou também, ela estava presente no ato”. Marcielle nega. “Eu não estava no hospital como o meu ex-marido disse na reportagem, não estava presente”.
Após a reportagem, Marcielle afirma ter sido procurada por Kauan Felipe Cruz, um dos filhos de Arlindo. “O Kauan me procurou depois da matéria. Ele falou que vai tomar as medidas cabíveis com o advogado dele, vai entrar com queixa-crime, pediu que eu fosse testemunha dele. Até porque ele acreditou nas coisas que eu falei pra ele. Ele ficou muito chateado porque nunca foi chamado pra decisão de absolutamente nada e ele é um filho também”, disse.