PF prende nº 2 do bicheiro Adilsinho em ação contra cigarros ilegais
Luis Verdini era braço direito em esquema, investigado pelo MPF, de produção de cigarros ilegais com uso de trabalho análogo à escravidão
atualizado
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A Polícia Federal (PF), em uma operação conjunta com o Ministério Público Federal, prendeu nesta quinta-feira (27/3) Luis Verdini, apontado como nº 2 do bicheiro Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, em uma operação que mirou organização criminosa especializada na produção e venda ilegal de cigarros no Rio de Janeiro.
A operação contou com a atuação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPF no Rio de Janeiro e da Unidade Nacional de Enfrentamento ao Tráfico Internacional de Pessoas e Contrabando de Migrantes (UNTC).
Adilsinho, apontado como líder da organização, está foragido. Segundo apurou a coluna, apesar do paradeiro desconhecido, a última vez em que se teve notícias do bicheiro ele estava nos Estados Unidos.
Verdini também fazia parte do esquema e era um “braço direito” de Adilson, atuando como assessor e sendo uma espécie de ponte entre ele e os negócios no Brasil.
A coluna apurou que ele executava tarefas para a organização criminosa direta e indiretamente, reando afazeres para outros integrantes.
Um dos métodos do grupo era a utilização de empresas de fachada para despistar o esquema, emitindo, por exemplo, notas frias e atuando na lavagem de dinheiro. A principal delas tinha como gerente istrativo justamente o nº 2 de Adilsinho.
Verdini também fazia tarefas pessoais para Adilson, como pagamentos e transferências de valores em favor do chefe e de sua família, além de realizar atividades istrativas e burocráticas em benefício da organização ou do próprio patrão.
Operação Libertatis
A operação, batizada de Libertatis, investiga um esquema de fabricação e comercialização clandestina de cigarros, com o emprego de mão de obra de estrangeiros, que eram mantidos em regime de trabalho análogo à escravidão.
Uma vez fabricados os cigarros, a organização forçava que os produtos fossem vendidos por comerciantes na ponta por meio da dominação armada de territórios, principalmente na Baixada Fluminense.
O grupo investigado era composto, além do líder, por assessores, gerentes de fábrica, fornecedores de insumos para a fabricação dos cigarros, operadores de venda, transportadores e um traficante responsável pela cooptação de paraguaios para trabalhar na produção.

Foram presos na operação desta quinta-feira (27) um total de 12 pessoas. Dentre eles, além do nº 2 de Adilsinho, estava um policial militar responsável pela segurança do grupo, que foi detido no Batalhão em Bonsucesso (RJ).
Também foi presa uma mulher, apontada como estratégica no esquema, que fornecia os insumos para a produção dos cigarros, além das embalagens dos cigarros e maquinários.
Outros alvos presos na operação seriam do núcleo de operadores das vendas, que compravam os cigarros em grande quantidade e reavam os produtos, e uma pessoa responsável pelo transporte.
A inclusão da Unidade de tráfico de pessoas se deu em razão de os trabalhadores serem majoritariamente imigrantes paraguaios trazidos de forma ilegal para o Brasil. Eles eram submetidos, segundo a apuração, à restrição de liberdade, trabalhos forçados, jornadas exaustivas e condições degradantes de sobrevivência.
Segundo o MPF, os policiais cumpriram ao todo 23 mandados de prisão e 26 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e empresariais ligados aos integrantes do grupo criminoso. A Justiça Federal determinou também o sequestro e bloqueio de bens e ativos no valor total de R$ 350 milhões.
Segundo a PF, os lucros obtidos com os crimes eram lavados e enviados irregularmente ao exterior. Durante a operação, foram apreendidos R$ 48 mil na residência de um dos alvos, e Duque de Caxias (RJ).
“O modus operandi da organização, que envolve o domínio territorial e a imposição de violência, é similar ao utilizado por grupos de exploração de jogos ilegais no Rio de Janeiro”, disse a corporação em nota.