Se o NYFW está em chamas, a Khaite conseguiu decolar das cinzas
Após emplacar a grande tendência do último outono, a marca é uma das poucas que conseguem tirar proveito da semana de moda norte-americana
atualizado
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O New York Fashion Week (NYFW) está em crise há algumas temporadas. A ausência de grifes como Ralph Lauren, Tommy Hilfiger, Jeremy Scott e Tom Ford na programação oficial desta edição prejudicou ainda mais a credibilidade do evento. No entanto, mesmo com o projeto em declínio, há quem consiga se beneficiar com sua visibilidade. Depois de conseguir emplacar um conjunto de cardigã com top como o grande hit do outono norte-americano, a Khaite vê na semana de moda a chance de elevar seus lucros em 30%.
Vem comigo saber mais!
Catherine Holstein, nome por trás da nova queridinha do mundo fashion norte-americano, chegou ao mercado em 2006, após terminar a faculdade de design de moda. Sua linha homônima foi recebida com ares promissores, estreando nas araras da Barneys New York. Com a recessão de 2008, a estilista abandonou a etiqueta para se dedicar a trabalhos para Vera Wang e J.Crew.
Oito anos mais tarde, com o apoio da Assembled Brands, companhia que financia startups, a designer resolveu deixar o varejo para investir na Khaite. “Tive a oportunidade de realmente controlar a mensagem que queria ar”, afirmou ao Business of Fashion.

Em uma fase mais madura da carreira, Catherine voltou ao ramo empresarial disposta a não cometer os erros do ado, mas com a difícil missão de agradar aos investidores presentes em sua nova empreitada.
“Antes, eu era apenas uma jovem designer. Agora, preciso estar realmente disposta a pensar de maneira completa, em 360 graus, como a Prada ou a Gucci fazem”, revelou ao portal.
De fato, ela abraçou a nova postura. Em cinco anos, construiu um império que abrange roupas, calçados e órios, aproveitando o melhor das táticas modernas e tradicionais do segmento. Ao mesmo tempo em que estreita seu relacionamento com especialistas do setor e restringe seus pontos de venda a multimarcas , como Bergdorf Goodman e Harvey Nichols, a estilista aposta em um feed envolvente no Instagram.




Antes do lançamento da Khaite, a estilista já incluía imagens inspiradoras na conta da marca. As fotografias de sca Woodman e as cenas de 2001: Uma Odisseia no Espaço implementaram o conceito da etiqueta e acabaram tocando e-commerces como o Net-a-Porter e MatchesFashion, que abraçaram o novo negócio antes mesmo de as primeiras peças chegarem à rede social.
Para suas campanhas, a designer prioriza suas criações de mais personalidade, contextualizando-as em cenários que retratam a proposta cosmopolita e melancólica da grife. Um vídeo criado em agosto para anunciar as bolsas da marca, por exemplo, não foi feito com foco nas peças.
“O diretor perguntou se tínhamos a bolsa no enquadramento, mas eu queria capturar o sentimento. Não estava me importando se a bolsa aparecia no filme”, contou.

Para a estilista, competir com as marcas europeias demanda uma abordagem perspicaz em relação à identidade visual. Atualmente, a marca filma um editorial por mês para alimentar a página do Instagram. Catherine, por sua vez, quer dobrar a produção em 2020.
Sem se apoiar na sexualização feminina em suas criações, a estilista se beneficiou da era #MeToo para difundir suas roupas com pegada girlie. No entanto, foi uma aparição pública da atriz Katie Holmes que levou a etiqueta a um novo patamar.


A internet ficou encantada com a imagem confiante que a celebridade exibiu ao surgir com um conjunto de cardigã e top feitos em cashmere. Logo após a foto viralizar na web, a Khaite repostou o registro em seus perfis, com links para compra.

As peças esgotaram rapidamente no e-commerce, fazendo a label lançar um novo lote da produção, que também acabou em horas. Graças àquela ocasião, o número de visitantes na página do Instagram da grife aumentou 400% em relação ao ano anterior. Os os diários ultraaram 300 mil visitantes. “Isso realmente mudou o nosso negócio. Você não pode pagar por uma publicidade dessa”, disse Holstein ao BoF.













A rapidez da empresa em responder aos anseios dos clientes é um dos grandes trunfos da Khaite. Presente no New York Fashion Week desde 2019, a marca disponibiliza os produtos desfilados logo após a apresentação.
“Se você está dizendo que os shows não funcionam, explique-me por que Chanel, Vuitton e Valentino estão fazendo seis desfiles por ano. Claramente eles funcionam”, defendeu a estilista.
As arelas nova-iorquinas têm trazido bons retornos à Holstein. Sua estreia na semana de moda, em fevereiro ado, acabou sendo uma das apresentações mais procuradas no site da Vogue. Ela acha, inclusive, que Nova York é o lugar mais emocionante para mostrar seu trabalho. “Tenho orgulho de estar na programação”, celebra.



Na temporada seguinte, a aparição de Katie Holmes, registrada dias antes do desfile de primavera/verão 2020, garantiu que a exibição tivesse um impacto tão grande quanto a anterior. Agora, com celebridades como Selena Gomez e Kerry Washington ostentando os looks da Khaite nas ruas, a etiqueta espera um aumento de 30% das vendas depois do show dessa terça-feira (11/02/2020).
“O NYFW está, pela primeira vez, superdemocrático. Definitivamente, houve uma mudança em quem liderou e quem liderará a partir de agora”, conclui a designer.



Colaborou Danillo Costa