Delegado, policiais e vereadora são presos por sequestro e tortura
A vereadora, além do mandato parlamentar, atua como policial civil no estado. Um policial militar de Roraima também foi detido
atualizado
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A Polícia Federal prendeu, na manhã desta quinta-feira (22), um delegado do Amazonas, dois policiais e uma vereadora de Caracaraí, suspeitos de envolvimento no sequestro e tortura de um homem em Roraima. A vereadora, além do mandato parlamentar, atua como policial civil no estado. Um policial militar de Roraima também foi detido.
As prisões ocorreram no âmbito da Operação Jeremias 22:17, que cumpre sete mandados de prisão temporária e 13 de busca e apreensão em Roraima, Amazonas, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul. A investigação conta com participação direta da Promotoria de Justiça de Caracaraí.
O crime ocorreu em 8 de fevereiro de 2023, na vicinal 3, zona rural de Caracaraí, ao sul de Roraima. Na ocasião, a vítima trabalhava com o pai em um terreno quando foi abordada por homens que se identificaram como policiais civis. Ela foi levada sob o pretexto de ajudar em uma ocorrência, mas acabou algemada, ameaçada e submetida a agressões físicas, incluindo tapas e choques elétricos no tórax.
Durante o trajeto, a vítima foi levada até os municípios de Iracema e Mucajaí, enquanto era pressionada a revelar informações sobre o paradeiro de um caminhão graneleiro que, segundo os autores, transportava cassiterita e teria sido roubado.
As investigações indicam que o grupo criminoso, formado por agentes públicos, atuava na escolta clandestina de cargas de minério extraídas ilegalmente da Terra Indígena Yanomami. Além disso, realizava serviços paralelos de segurança e investigações fora das competências legais, agindo com violência e intimidação.
Em determinado momento, outros três homens, que se identificaram como integrantes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), se juntaram ao grupo para averiguar a possível participação da vítima no suposto roubo. Após horas de agressões e ameaças, os suspeitos liberaram a vítima, dando R$ 60 para que retornasse de ônibus até Caracaraí.
Dois policiais do Amazonas envolvidos no crime haviam sido presos logo após os fatos, em 2023. Agora, as investigações avançaram, levando à identificação e detenção de mais envolvidos, incluindo o delegado, a vereadora e outros agentes de segurança pública.
A Polícia Federal apura crimes relacionados à formação de organização criminosa, sequestro, tortura, abuso de autoridade e atuação clandestina no setor de mineração.