Ex-aliado de Bolsonaro pede orações por Lula
Deputado pede orações por Lula após cirurgia devido a sangramento intracraniano; ex-aliado foi preterido por Bolsonaro nas eleições de 2024
atualizado
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Ex-aliado de Jair Bolsonaro, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) pediu orações pela recuperação de Lula. O parlamentar, ligado à bancada evangélica na Câmara, tem se aproximado do Planalto desde outubro, quando fez uma oração pelo presidente após a sanção da lei que criou o Dia da Música Gospel.
Após a cirurgia de Lula devido a um sangramento intracraniano, nesta terça-feira (10/12), Otoni de Paula disse que “interceder pelas autoridades é um dever” como cristão. “O PR [presidente da República] foi internado com uma hemorragia cerebral. O que temos que fazer como Igreja do Senhor? A resposta é simples: ORAR”, afirmou o pastor.
“Se você, como cristão, não consegue fazer isso por conta do ódio político, lamento dizer que seu Messias não é o meu. Interceder pelas autoridades é nosso dever”, disse o deputado. Otoni de Paula tinha a intenção de se candidatar à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições deste ano. Ele acabou preterido pelo grupo bolsonarista, que indicou o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL) para a disputa. Ramagem acabou derrotado por Eduardo Paes (PSD).
Evento no Planalto
Em outubro, Otoni participou da cerimônia de sanção ao projeto de lei que criou o Dia da Música Gospel, no Planalto. No evento, o ex-aliado de Bolsonaro agradeceu pela medida, fez elogios a Lula e disse que a bancada evangélica “não tem dono”. “Nossas escolhas são pautadas em crenças e valores. Não temos um dono, senhor presidente. Somos um corpo plural em nossa visão de mundo, a partir do nosso entendimento das santas escrituras”, declarou. Em seguida, o grupo fez uma bênção ao presidente.
Após o gesto, Otoni de Paula ou a ser atacado por aliados de Bolsonaro, militantes e líderes religiosos ligados ao ex-presidente. “Que bancada evangélica vai se aproximar de Lula? Alguns podem se aproximar, mas a massa não vai. O gesto de Otoni acontece porque ele quer jogar para os dois lados. Ele quer dar uma de Bolsonaro, mas está queimado do lado de cá”, reagiu o pastor Silas Malafaia.
Otoni respondeu com críticas a Bolsonaro e à postura de líderes evangélicos. “Queriam que eu estivesse com eles ‘porque Deus está com Bolsonaro e o capeta está com Lula’. Não sou criança nesse nível e não sou retardado mental de achar que Deus está com Bolsonaro e o Diabo está com Lula, como se Deus e o Diabo não tivessem mais o que fazer da vida deles”, atacou.
“O próprio governo Lula nunca me convidou para ser uma ponte, e acho que nunca me convidaria. Mas gostaria, sim, de ser uma ponte. Sabe para quê? Para tirar esse bezerro de ouro que construímos na igreja. Esse bezerro de ouro que nós construímos. Construímos uma adoração a um ser humano, que não é Deus, não é divino. É um político. A igreja é do Senhor Jesus”, afirmou o deputado, referindo-se a Bolsonaro como o “bezerro de ouro”.