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Na nossa pele, na nossa palavra

Quando a literatura se faz corpo, raiz e encantamento nas mãos de Lázaro Ramos

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Imagem colorida do ator Lázaro Ramos
1 de 1 Imagem colorida do ator Lázaro Ramos - Foto: Reprodução

Há livros que não se leem apenas com os olhos. Na Nossa Pele é desses que se leem com o corpo inteiro — com a pele, com os silêncios antigos, com os olhos marejados e com o coração que se reconhece, ainda que em meio à dor. É um livro que conversa com nossas memórias mais íntimas e com a história coletiva que atravessa gerações. É testemunho e é canto. É denúncia e é abraço.

Lázaro Ramos, com sua escrita de voz serena e firme, nos oferece mais do que crônicas: ele nos oferece sua pele. E ao nos oferecer sua pele, oferece também o mapa das suas vivências, dos seus enfrentamentos e das suas conquistas. Não há aqui qualquer vaidade, mas há orgulho. Um orgulho que não se impõe — ele convida. Um orgulho que não grita, mas que reverbera por dentro como tambor ancestral. Cada página é um gesto. Um gesto de quem escolheu não calar. Um gesto de quem entende que contar a própria história, com dignidade e beleza, é também um ato de resistência. Lázaro escreve como quem reza, como quem planta, como quem acaricia uma criança — com cuidado e precisão, com doçura e com força. Seu texto caminha entre o poético e o político, entre o pessoal e o coletivo, entre o íntimo e o estrutural. E é essa costura que faz do livro um território onde palavras são sementes, e leitores, terra fértil.

O autor nos guia por agens da vida com honestidade e sensibilidade. Não há dramatização forçada, tampouco frieza analítica: há vivência. E mais do que isso, há o desejo explícito de partilhar, de criar pontes, de provocar empatia. Ao ler Na Nossa Pele, não é possível seguir sendo o mesmo. Porque a beleza desse livro é justamente nos colocar diante do espelho e perguntar: quem somos nós, quando escolhemos ignorar a pele do outro?

Mas Na Nossa Pele” não é só sobre denúncia. É também sobre celebração. Celebra a criação dos filhos com afeto, a presença da mulher amada como alicerce, os encontros cotidianos com gente que resiste. Celebra o riso que escapa mesmo nas madrugadas mais duras. Celebra a existência negra como potência e não como ausência. Lázaro escreve como quem acende luz em vielas que sempre estiveram ali — mas que insistem em ser invisíveis para os olhos distraídos.

O livro é também um gesto de retribuição. A quem veio antes, abrindo picadas na mata da exclusão. Aos que ainda virão, com os olhos brilhando de esperança. É uma oferenda. Lázaro escreve com a consciência de quem sabe que não chegou sozinho, e que seu corpo carrega muitos corpos, sua voz carrega muitas vozes, e sua pele é, ao mesmo tempo, escudo e estandarte. Ele escreve por si e por tantos. E isso se sente.

Há algo de profundamente afetivo em sua escrita. Não se trata de amenizar a violência que estrutura a sociedade, mas de nos lembrar que, apesar dela, seguimos amando, seguimos criando, seguimos acreditando. Ele escreve com a fé de quem acredita que é possível construir um país mais justo, mais bonito, mais plural. E sua fé é concreta — feita de lembrança, de gesto, de palavra. Na Nossa Pele deveria estar nas escolas, nos centros culturais, nas bibliotecas públicas, nas mãos de quem toma decisões. Porque ele não é só um livro bonito — é um livro necessário. Um livro que nos humaniza. Um livro que nos aproxima. Um livro que nos faz melhores.

Ao fim da leitura, o que fica é uma sensação de gratidão. Gratidão por cada memória dividida, por cada dor ressignificada, por cada sorriso compartilhado. Lázaro nos mostra que a pele, quando respeitada, é portal. Que a palavra, quando liberta, é cura. E que a literatura, quando preta, quando viva, quando feita com o coração aberto, é revolução.

Este livro não termina na última página. Ele continua na nossa escuta, na nossa atitude, no modo como amos a olhar para as pessoas que cruzam nosso caminho. Ele nos atravessa e nos transforma. E talvez seja isso o que só os grandes autores conseguem fazer: escrever com tamanha beleza e verdade que, ao final, não sabemos mais onde começa a história do autor e onde termina a nossa. Porque já estamos juntos. Na palavra, no gesto, na pele.

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