Black Friday de imóveis tem descontos de até 50%, mas armadilhas estão por toda parte
A Associação Brasileira das as de Imóveis listou uma série de dicas para que o consumidor não caia em golpes
atualizado
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Com a proximidade da Black Friday, temporada de grandes descontos de serviços e produtos em todo o país, o setor de imóveis também aproveitou para se projetar e aumentar as vendas. As promoções consideradas imperdíveis estão espalhadas pela internet e em cartazes. Porém, é preciso ter cautela e verificar se as promessas são reais de fato: se compensam ou mascaram valores. Quando se trata da compra da casa própria, o precaução deve ser ainda maior, pois o prejuízo pode desestabilizar todo o orçamento de uma família.
Em 2019, o mercado de imóveis ofereceu descontos de até 30% na Black Friday, e os resultados foram vantajosos para o setor. As expectativas são ainda melhores para este ano.
“Se em 2019 as vendas on-line aumentaram 23%; neste ano, o dia 27 de novembro [dia D da Black Friday] indica que esse percentual será ainda maior por causa da pandemia. As ofertas são tentadoras, principalmente na internet, onde tudo acaba sendo feito sem contato presencial. O consumidor adotou novos hábitos e muitos ainda preferem manter a distância social até que seja oferecida a vacina contra a Covid-19”, analisou o diretor de Condomínio e Locação da Associação Brasileira das as de Imóveis (Abadi), Marcelo Borges.
Superdescontos
Entre as promoções que dominam a internet neste mês, há sites especializados que oferecem desconto de até 50% na compra de um imóvel em qualquer lugar do país, com isenção do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), além de registro em cartório e até escritura grátis. Uma grande incorporadora do ramo anuncia 800 imóveis com preços reduzidos. Na ponta do lápis, é possível economizar, segundo os anúncios, mais de R$ 160 mil em compras de apartamentos de alto padrão.
São nessas promessas muito vantajosas que podem estar as pegadinhas. O ITBI, por exemplo, não é ível de isenção. Ele é previsto em lei e está presente nas transações imobiliárias. O valor máximo é de 3% do valor do imóvel.
“O anúncio deve estar errado. Não existe desconto em ITBI ou isenção. A empresa pode assumir o valor do ITBI para o cliente em uma promoção como essa. É algo muito comum em negociações do Programa Minha Casa Verde e Amarela, quando o comprador não tem dinheiro para pagar o imposto, mas, ele é pago, não existe isenção”, alertou o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Eduardo Aroeira.
Interesse no ramo
Com as promoções, o consumidor tem respondido bem ao estímulo. É o que aponta estudo encomendado pelo Google e realizado pela agência Provokers. Segundo o levantamento, a intenção de compra de imóveis pelo brasileiro durante a Black Friday de 2020 cresceu 15% em relação à temporada 2019.
O volume de buscas no Google sobre o mercado imobiliário aumentou 34% em outubro de 2020 quando comparado a outubro do ano ado. Os temas mais procurados são compra/venda (aumento de 73%) e aluguel de imóveis (70%). Um movimento maior do que o registrado em janeiro, mês tradicionalmente com melhores resultados de procura por informações sobre o segmento, quando foram registradas 27% mais buscas sobre o tema do que a média do ano.
Todo cuidado é pouco
Além da Ademi-DF, Marcelo Borges, da Abadi, recomenda cuidado antes de fechar a compra de um bem de tão alto valor. Para o diretor da associação, é importante deixar a ansiedade de lado e avaliar com responsabilidade as oportunidades ofertadas.
Antes de fechar negócio, o consumidor deve estar ciente quanto à diferença de uma loja de eletrodomésticos que decide dar desconto na Black Friday, por exemplo, e de um feirão de imóveis. No segundo caso, as empresas que estão negociando a promoção são intermediadoras, visto que os bens ofertados pertencem a terceiros.
“A relação não é a mesma. O consumidor deve ficar atento a essa distinção. Essa é uma oportunidade de melhor negociação entre quem vende e quem compra”, analisa Rafael Thomé, presidente da Abadi.
De acordo com a associação, outras questões devem ser analisadas (veja na galeria abaixo) antes de comprar a casa própria durante a temporada de superpromoções.
O presidente da Ademi lembra que, no Distrito Federal, não é muito comum a adesão de empresas em promoções como a Black Friday. “Nós vemos o imóvel como um bem de valor, não apenas com a discussão sobre desconto. Nossas associadas não têm participado disso”, afirmou Eduardo Aroeira.
Ele, porém, dá dicas para que os clientes que optarem pela compra não caiam em armadilhas. “Mais importante que o desconto, o cliente precisa entender o histórico dessa empresa que está vendendo o imóvel. Verificar a documentação da casa ou apartamento, pesquisar também no Reclame Aqui. É necessário que haja registro em cartório, é a única garantia do cliente”, lembrou.
Além disso, é preciso fazer ampla pesquisa. “Ao contrário de muitos produtos vendidos na Black Friday, o imóvel é um bem de longo prazo. É uma decisão muito séria. Não se deve comprar de impulso”, ressaltou o presidente da Ademi-DF.
Confira as orientações dos especialistas:
- Pesquisar valores: não fechar negócio assim que encontrar a oferta;
- Não comprar um imóvel sem conhecê-lo antes. Pesquise por outras promoções nas redondezas e avalie se está fazendo um bom negócio;
- Se informar sobre a procedência da empresa que está oferecendo os descontos;
- Desconfiar de valores muito abaixo do mercado – mesmo em promoções;
- Conferir se o imóvel está regular.
- Para unidade pronta, verificar a matrícula no Cartório de Registro de Imóveis;
- Para imóveis em condomínios, verificar com o síndico se as taxas condominiais estão em dia;
- Procurar se comunicar com outras firmas que anteriormente tenham feito negócio com a empresa que está vendendo o imóvel.