PCDF resgata 58 cães vítimas de maus-tratos em abrigo dos horrores
Responsável pelo “lar temporário” conhecido como Casa Dorothy, cobrava cerca de R$ 400 por estadia e maltratava animais no abrigo
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por intermédio da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais (DRCA), realizou a Operação OZ para apurar crimes de maus-tratos praticados contra animais em um “lar temporário” conhecido como Casa Dorothy, na região do Tororó, no Distrito Federal. Ao todo, 58 animais foram resgatados.
Segundo a corporação, a ação é resultado da instauração de inquérito policial a partir de denúncias que apontavam que o local, que se apresentava como um abrigo ou lar temporário pago, cobrava em média R$ 400 por animal para suposta estada e cuidados.
Após o pagamento, o responsável deixava de fornecer informações aos tutores, não enviava fotos, ocultava a localização do imóvel e proibia visitas.
Veja imagens dos animais no abrigo:
A denúncia encaminhada à DRCA continha imagens e vídeos que mostravam cães em condições degradantes: sem água, sem comida e enclausurados em meio a fezes e urina.
Cenas estarrecedoras
Na tarde dessa quarta-feira (9/4), policiais civis da DRCA compareceram à propriedade rural indicada na denúncia e constataram cenas estarrecedoras.
O local, inabitado, continha três edificações: uma casa principal e duas menores. Os cães circulavam livremente no espaço e tentavam escapar por buracos no cercamento. Aproximadamente 10 animais estavam soltos.
Na primeira edificação menor, diversos cães foram encontrados em um ambiente com fezes, sem qualquer o a água ou alimento. Em outra pequena casa, localizada atrás de um bambuzal, mais animais eram mantidos em confinamento, visivelmente debilitados, em um espaço insalubre e fétido, sem ventilação ou condições mínimas de higiene. Muitos estavam doentes e feridos.
Na casa principal, segundo a PCDF, a situação era ainda mais grave. Havia acúmulo de fezes e urina nos cômodos, com fezes escorrendo pelas janelas. Os animais estavam confinados em espaços minúsculos, sem ventilação, famintos, doentes e completamente imundos. Policiais civis adquiriram ração no local e alimentaram os cães.
A Polícia Civil tentou efetuar a prisão em flagrante do proprietário do local, mas ele não foi localizado em sua residência ou nos endereços informados por testemunhas. Após campana realizada no próprio abrigo, um homem ligado à istração do local foi preso em flagrante pelo crime de maus-tratos.
O responsável pela Casa Dorothy será indiciado pelo crime de maus-tratos contra os 58 cães resgatados. A pena prevista para cada crime é de reclusão de 2 a 5 anos.
A PCDF solicita que os tutores que entregaram seus animais à Casa Dorothy compareçam com urgência à DRCA ou entrem em contato pelos canais oficiais, a fim de resgatar os cães.
Posicionamento da Casa Dorothy
Por meio de nota, o abrigo Casa Dorothy classificou as acusações como “inverídicas e manipuladas, com objetivo de distorcer a realidade e causar uma impressão equivocada sobre o trabalho” efetuado no local . Além disso, os responsáveis pelo espaço destacaram que atuam de forma independente, com resgates de animais doentes, abandonados e vítimas de maus-tratos.
“[Além disso,] realizamos feiras de adoção semanais que já proporcionaram um lar para mais de 100 animais ao longo de nossa história.
Nunca cobramos hospedagem pelos animais, visto que todos os acolhidos são provenientes de resgates ou pedidos de ajuda. Nossa única fonte de renda é composta por doações e pela solidariedade da sociedade civil”, enfatizou a nota.
Os responsáveis pela Casa Dorothy acrescentaram que todos os animais são alimentados diariamente e que as imagens divulgadas pela PCDF “omitem propositalmente o cômodo onde estão armazenados quase 30 pacotes de ração, o que demonstra uma tentativa de manipular a percepção pública”. “Embora o proprietário não permaneça no local durante todo o dia – por ser um abrigo independente –, isso não significa que os animais estejam desassistidos”, afirmou o texto.
Os donos da Casa Dorothy reconheceram as dificuldades em manter a limpeza diária do abrigo, “principalmente por escassez de voluntários e recursos financeiros para produtos de higiene”, mas informaram que a higienização do local é feita duas vezes por semana. “As imagens apresentadas foram feitas na quinta-feira (9/4), sendo que a última limpeza havia ocorrido na terça-feira (7/4), e uma nova estava agendada para o fim da semana. Ressaltamos: trata-se de um abrigo sem apoio público ou institucional, mantido por esforços individuais e boa vontade”, completou a nota.
O texto em resposta às acusações também detalhou que as imagens divulgadas de animais magros ou com sarna se referem a casos em
tratamento, de bichos “resgatados de situações graves nas ruas”. O que aparece nas fotos, segundo o abri, é um paciente com leishmaniose em estágio terminal, “condição que impede ganho de peso mesmo com alimentação adequada”.
“A instituição que fez as denúncias não apresentou nenhum laudo veterinário ou diagnóstico clínico para justificar a acusação de maus-tratos. Reiteramos que nem todos os animais estão debilitados, e os que estão, recebem os cuidados necessários. [Ainda,] recebemos relatos de que, após a entrada da DRCA no local, alguns animais aram a ter o à pista da BR, expondo-se ao risco de atropelamento – algo que antes era controlado com rigor”, ressaltou a nota do abrigo.
Os responsáveis pelo espaço disseram que vão tomar providências junto às autoridades e ao Judiciário para “provar a inexistência de maus-tratos, bem como demonstrar os abusos praticados na ação da DRCA. Todas as informações aqui prestadas são respaldadas por registros, comprovantes e documentos”, finalizaram.