Sem solução, fila de pacientes que precisam de respiradores chega a 718
Segundo a Defensoria Pública, 118 pessoas esperam por aparelhos e 530 enfrentam a fila pelo o à oxigenioterapia domiciliar
atualizado
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Pacientes com problemas respiratórios vem enfrentando problemas com a rede pública de Saúde do Distrito Federal. Atualmente, 718 pessoas esperam, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na fila de o para tratamento e equipamentos que as ajudariam a respirar. Em alguns casos graves, as pessoas correm o risco de morrer durante o sono.
Segundo a Defensoria Pública do DF (DPDF), 188 pacientes aguardam aparelhos de ventilação não invasiva denominados AP (Continuous Positive Airway Pressure) e BiPAP (Bi-level Positive Airway Pressure). Os aparelhos são necessários para tratamento de apneia, doenças neuromusculares ou degenerativas.
Dona Geny da Luz Andrade (foto em destaque), de 79 anos, é moradora da Cidade Ocidental (GO), no Entorno do DF. Ela vive a aflição de não saber se acordara após cada noite. Diagnosticada com um quadro grave de apneia do sono desde setembro de 2022, ela precisa com urgência de o ao AP para poder dormir com segurança.
“Está muito difícil. Até mesmo porque a gente não tem o e do GDF. Ela precisa urgentemente usar esse aparelho. Ela corre risco de morte. A médica disse que a qualquer hora ela pode sofrer um AVC, ter um problema e não voltar”, contou a neta da paciente, a dona de casa Naiara Barreto Andrade, 35 anos.
Os exames de polissonografia mostrou que a cada noite sono, dona Geny para de respirar diversas vezes por alguns segundos. O quadro causa danos seríssimos para a paciente. “Eu, como neta dela, tenho muito medo de qualquer hora chegar lá e ela não estar mais aqui. Ela não dorme direito”, revelou.
Pela falta de ar, dona Geny acorda assustada frequentemente. A cada susto ela fala para família que está sem sono. A paciente usa bombinha para ajudar na respiração. Mas é uma medida paliativa. Geny é pensionista e não tem condições financeiras para comprar o aparelho, orçado com valores entre R$ 4 mil e R$ 5 mil.
Estoque zerado
A família solicitou um aparelho na Secretaria de Saúde no final de novembro de 2022. “Não tem o estoque está zerado no GDF. Nossa é muito ruim. A gente se sente impotente. Sabemos que temos direito, que o governo pode obter esse aparelho e não fornece”, lamentou.
“É muito descaso. Eles acham que a pessoa pode esperar. E a médica informou. Nos casos de apneia, as pessoas não podem esperar. Quando a situação é descoberta, precisam usar o aparelho de imediato. É muito descaso com o ser humano”, criticou. Dona Geny também enfrenta o problema de arritmia cardíaca.
Crise
De acordo com o defensor público do DF, João Carneiro Aires, a fila para os aparelhos só aumenta. Há uma média de 10 novas solicitações por mês. “Sem esses aparelhos, pessoas que possuem distúrbios respiratórios correm o risco de agravamento de seus quadros clínicos e, inclusive, de morte, alertou de defensor público do DF, João Carneiro Aires.
A falta do tratamento implica em diversas consequências à saúde, como o aumento do risco de hipertensão sistêmica, diabetes e acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, a DPDF protocolou uma Ação Civil Pública (A). O Juiz já recebeu a peça e notificou a Secretaria de Saúde do DF. Uma audiência deverá ser marcada em breve.
“Com a ação, a Defensoria Pública pretende o reabastecimento da rede pública de saúde, de forma a atender toda a demanda reprimida, assim como manter estoque suficiente para atendimento da população que precisa do Sistema Único de Saúde no Distrito Federal”, completou João Carneiro.
Sem ar
Em dezembro, o Metrópoles noticiou o drama da fila da oxigenioteria domiciliar no DF. Sem força nos próprios pulmões para respirar sozinhas, 450 pessoas esperam na fila pelo serviço. Infelizmente, o problema se agravou. Atualmente, 530 pacientes aguardam pelo tratamento.
No caso da oxigenioterapia, os pacientes só conseguem respirar com o apoio do tratamento. O uso domiciliar desafoga os leitos dos hospitais públicos e protege os pacientes eventuais infecções hospitalares.
A Defensoria Público do DF também ajuizou uma ação civil pública cobrando uma solução. Na avaliação dos membros do Núcleo de Saúde da DPDF, a crise nos tratamentos respiratórios é um dos principais problemas do SUS atualmente no DF.
Promessas
A Secretaria de Saúde prometeu soluções para as filas dos aparelhos respiratórios de oxigênio terapia domiciliar ainda em 2023.
Segundo a pasta, o tratamento AP é disponibilizado na rede de saúde nos hospitais Regionais da Asa Norte (Hran) e de Taguatinga (HRT). No momento, há um processo para a aquisição do equipamento para BIPAP.
Quanto à oxigenoterapia domiciliar, atualmente, a pasta atende 1.237 pacientes. A secretaria abriu dois processos de aquisição, um emergencial e outro regular.
“Serão ofertadas 1.941 novas vagas, priorizando-se os casos classificados como mais graves pelo Complexo Regulador”, prometeu a secretaria.