Crítica: “O Mínimo Para Viver” faz duro retrato sobre anorexia juvenil
No longa da Netflix, a doença parece ter força de uma droga: não importa o que a vítima faça, ela sempre voltará a ter recaídas
atualizado
Compartilhar notícia

É difícil ver “O Mínimo Para Viver”, uma das produções mais polêmicas feitas pela Netflix. Não por sua narrativa ou sua estética – ambas funcionam perfeitamente dentro da proposta. Mas pelo retrato da anorexia num quadro de realidade tão duro e cru.
No longa, os jovens retratados parecem não ter saída. A anorexia surge com a mesma força de uma droga pesada, daquelas que não importa o que o dependente faça, sempre terá recaídas. Mais do que isso, o filme mostra a intensidade do desejo desses jovens em continuar a emagrecer – mesmo após perceber a gravidade da situação.
Honestidade
O filme apresenta de forma extremamente honesta as inúmeras maneiras que uma jovem anoréxica encontra para perder peso: fazer abdominal na cama, subir e descer as escadas compulsivamente, vomitar em um saco escondido embaixo da cama e decorar a quantidade de calorias de cada alimento.
Além disso, o longa foi feliz em não abordar o tema somente do ponto de vista clínico, e isso sem cair no romancismo barato. O amor de Luke (Alex Sharp), também anoréxico, não foi suficiente para fazê-la escapar de seu problema. Dr. Beckham (Keanu Reeves), responsável por tratar de Ellen, “sai” da mera prescrição médica e usa a arte para motivar seus pacientes a se recuperarem.
Assim, “O Mínimo Para Viver” faz polêmica ao retratar mundo jovem — similar ao feito de “13 Reasons Why” com o tema do suicídio entre jovens. O que importa é que doença está aí e, para ser solucionada, a vítima precisa de atenção, cuidados médicos e de muita (muita mesmo) paciência.