Ações da Gol disparam pelo 2º dia seguido após plano aprovado nos EUA
Por volta das 12h30 (pelo horário de Brasília), os papéis da Gol lideravam os ganhos na Bolsa de Valores do Brasil (B3) e disparavam 16,66%
atualizado
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As ações da Gol, um das três principais companhias aéreas do Brasil, registravam forte valorização nesta quarta-feira (21/5), pelo segundo dia consecutivo, após a aprovação pela Justiça dos Estados Unidos de seu plano de reestruturação financeira.
O que aconteceu
- Por volta das 12h30 (pelo horário de Brasília), os papéis da Gol lideravam os ganhos na Bolsa de Valores do Brasil (B3) e disparavam 16,66%, negociados a R$ 1,19.
- Na véspera, as ações da Gol encerraram o pregão em alta de 12,09%.
- Na máxima do dia até aqui, os papéis da companhia aérea subiram mais de 17% e chegaram a R$ 1,20.
Decisão da Justiça dos EUA
A Gol anunciou nessa terça-feira (20/5) que o juiz da recuperação judicial da empresa nos Estados Unidos aprovou o plano de reestruturação financeira do grupo.
Com a decisão da Justiça norte-americana, a Gol finalmente deve concluir a saída do processo de recuperação judicial, possivelmente no mês de junho.
A audiência definitiva sobre o caso foi realizada pelo Tribunal de Falências dos EUA.
Acordo com último credor
No começo de maio, a Gol havia informado que chegou a um acordo com o último credor, a Whitebox Advisors LLC.
Em documento encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Gol afirmou que o acordo resolve, de forma consensual, uma disputa relativa à contraprestação a todos os detentores dos títulos sêniores conversíveis de 2024, no âmbito do plano de reestruturação financeira da companhia, por meio do o “Chapter 11” – mecanismo jurídico nos EUA que permite a reorganização de dívidas de empresas em dificuldades financeiras.
“A companhia está satisfeita por ter alcançado este acordo com a Whitebox, pois garante o apoio de seu último principal stakeholder econômico e proporciona à companhia um caminho claro para a audiência de confirmação do plano totalmente consensual”, disse a Gol, na ocasião.
Segundo o entendimento com a Gol, a Whitebox á o Acordo de Apoio ao Plano firmado entre a companhia, a Abra Group Limited e o Comitê Oficial de Credores Não Garantidos.
De acordo com a companhia aérea, o plano será modificado para prever, entre outros pontos, alterações nas distribuições para os detentores de reivindicações gerais não garantidas de devedor por devedor.
Endividamento
Segundo a Gol, haverá uma redução expressiva do endividamento da empresa, com a conversão em capital ou a eliminação de até US$ 1,7 bilhão em dívidas financeiras pré-recuperação judicial e até US$ 850 milhões em outras obrigações.
“Nesse contexto, considerando que a conversão será realizada com base no valor econômico das ações da Gol imediatamente anterior à sua implementação, em conformidade com a legislação aplicável, espera-se uma diluição substancial da base acionária atual da companhia (ressalvado o direito de preferência dos acionistas, conforme previsto na legislação brasileira)”, afirmou a companhia aérea, na ocasião.
Fusão Gol-Azul
A Gol está negociando uma possível fusão com a Azul. Em janeiro, as companhias anunciaram um acordo para o início das tratativas.
Além da conclusão da recuperação judicial da Gol nos EUA, a fusão precisará ser aprovada pelo Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Estimativas apontam que a empresa resultante da eventual fusão responderia por cerca de 60% do mercado de aviação comercial do Brasil e teria o controle de quase 100 rotas em todo o país, praticamente sem concorrência – o que suscita questionamentos acerca da formação de um duopólio, quando apenas duas empresas possuem quase todo o mercado.
Juntas, as duas companhias contam com mais de 300 aeronaves e tiveram um faturamento de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro do ano ado.
De acordo com o memorando de entendimento entre Azul e Gol, a futura companhia seguirá o modelo de “corporation” – empresa sem controlador definido, tendo o grupo Abra como maior acionista. Ainda não há definição sobre os percentuais de participação de cada empresa no negócio.
A ideia é a de que as marcas Azul e Gol continuem a existir de forma independente, mas as empresas compartilhem aeronaves. A fusão envolverá apenas ativos já disponíveis, sem previsão de novos investimentos.
A aposta das duas empresas é na “complementaridade” de suas malhas aéreas. Enquanto a Gol se concentra em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul conta com um leque mais amplo pelo país.