Ao lado de Doria, Nunes não promete permanecer na prefeitura até 2028
Prefeito da capital afirma que tem intenção de ficar 4 anos no cargo, mas não descarta tentar Governo de SP em 2026: “As coisas mudam”
atualizado
Compartilhar notícia

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou, nesta segunda-feira (24/3), que tem intenção de ficar por quatro anos no cargo, mas evitou prometer que não deixará o posto para disputar o governo do estado, em 2026.
Nunes foi questionado sobre as pretensões eleitorais ao lado do ex-governador João Doria, em evento do grupo Lide, na zona sul de São Paulo. Perguntado se prometeria não deixar a cadeira de prefeito para entrar na corrida pelo governo de São Paulo, Nunes fez silêncio antes de responder, o que arrancou risos de auxiliares que estavam ao lado.
“Não é casamento. A minha intenção é ficar quatro anos como prefeito. [Mas] as coisas acabam mudando. As coisas vão acontecendo. A gente só vai tomar qualquer tipo de atitude que seja bom para a cidade e para o projeto. Eu entendo que o projeto de derrotar a esquerda no nível federal, estadual e municipal vai ser importante, porque acredito que um governo liberal seja mais positivo para a sociedade. Temos que olhar o contexto”, disse o prefeito.
Ricardo Nunes também afirmou que vai ao ato bolsonarista na avenida Paulista, no dia 6 de abril, convocado pelo ex-presidente, e disse que Bolsonaro não deveria estar sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso em que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado. Nunes disse que, por não ser mais presidente, Bolsonaro deveria ser julgado em primeira instância.
“Ele não tem o foro, então não deveria estar sendo julgado lá, na minha opinião pessoal. Espero que as pessoas responsáveis por esse julgamento possam ter sobriedade e noção da sua responsabilidade”, disse o prefeito.
Ainda sobre 2026, Ricardo Nunes afirmou que Bolsonaro tem direito de defender sua candidatura à Presidência da República, mesmo estando inelegível. Para o prefeito, o ex-presidente deve definir se apoia alguém para disputar o Palácio do Planalto até abril do ano que vem, prazo limite para aqueles que têm mandato se licenciarem para a disputa do pleito.
A possibilidade de Nunes se candidatar ao Palácio dos Bandeirantes depende da decisão do aliado Tarcísio de Freitas (Republicanos) em deixar o governo do estado para ser o candidato à presidência com o apoio de Bolsonaro.
STF e anistia
O prefeito de São Paulo também criticou a pena de 14 anos de prisão que o STF pode proferir à professora Débora Rodrigues do Santos, acusada de pichar “Perdeu, mané” na estátua “A Justiça”, localizada em frente ao prédio do Supremo, durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
“Sou um defensor da democracia, mas tem algo que está tocando o meu coração. Você tem uma cabeleireira que está sendo condenada, se continuar assim pelos votos, a 14 anos de prisão porque usou um uma ferramenta perigosíssima que é um batom. Acho que a gente tem que no mínimo falar: ‘sociedade, vamos tentar repensar isso?'”, afirmou Nunes.
Críticas a promotor
Também no evento do Lide, Nunes fez ataques a alguns promotores do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que, segundo o prefeito, são “figurinhas carimbadas que estão lá para atrasar a cidade, o Estado e a vida das pessoas”.
“Não é o Ministério Público, são alguns personagens”, disse o prefeito. A declaração se deu após um dos convidados perguntar qual é a estratégia da prefeitura para lidar com questionamentos externos sobre programas da gestão municipal.
O prefeito citou nominalmente o promotor Ricardo Manuel Castro, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital, dizendo que ele é um “atraso” e um “idiota”.
“Esse promotor fica o tempo inteiro gastando energia para as coisas não avançarem. (…) Ele é aliado ao PSol e fica infernizando. Infernizou a vida do Bruno Covas, do João Doria, inferniza a minha vida. Acha que está tendo alguma vantagem, mas ele está atrapalhando a cidade”, disse Nunes.
Entre as ações recentes do promotor, está a uma que acusa a Prefeitura de São Paulo de improbidade istrativa devido a suspeitas de superfaturamento em um contrato milionário para o fornecimento de água no Carnaval de 2024.
Em nota, o MPSP afirmou que a “instituição tem como princípio a atuação restrita ao campo técnico e jurídico”. “As divergências relativas à discussão processual não devem e não podem ensejar que as partes envolvidas extrapolem suas críticas para o plano pessoal. Portanto, lamentamos toda e qualquer declaração nesses termos”, disse o órgão.