Ataques de fúria e monólogo: veja íntegra do depoimento de Cupertino
Condenado a 98 anos, Paulo Cupertino Matias negou o triplo homicídio, mas afirmou que não matou “mais ninguém” em depoimento ao júri
atualizado
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Paulo Cupertino Matias foi condenado a 98 anos de prisão em regime inicial fechado, após ser considerado culpado pelo Conselho de Sentença que julgou o triplo homicídio qualificado de Rafael Miguel, ator de Chiquititas, e dos pais dele, Miriam Selma Miguel e João Alcisio Miguel, mortos em 9 de junho de 2019.
O promotor do Ministério Público de São Paulo (MPSP) Thiago Alcocer Marin deu destaque a uma frase dita por Cupertino no primeiro dia do julgamento: em depoimento realizado na quinta-feira (29/5), o réu afirmou que não matou “mais ninguém”.
Veja o depoimento na íntegra:
Em testemunho na sessão de quinta-feira, Cupertino negou ter cometido o crime. Ele alegou que “não tinha motivo” para matar, já que não conhecia a família de Rafael. “Eu nunca soube que a Isabela namorava”, afirmou. De acordo com a investigação, o empresário teria assassinado as vítimas porque não concordava com o namoro da filha com o ator.
De frente para o júri e o público que acompanhou a audiência, o acusado disse saber que “já está pronta sua sentença”. “Eu sei que minha sentença já está ali programada”, afirmou. “Se for 200 anos de cadeia, eu vou tirar tranquilo”, complementou.
“Não matei mais ninguém”, disse, em meio a alegações para tentar se defender da acusação de triplo homicídio.
Condenação de Cupertino
Os jurados consideraram que Cupertino efetuou os disparos que tiraram a vida do ator de Chiquititas e dos pais dele. Sete pessoas participaram do conselho do Tribunal do Júri, que durou dois dias e foi encerrado na noite de sexta-feira (30/5), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
Na primeira sessão, realizada na quinta-feira, foram ouvidas as testemunhas do caso e também os réus. A audiência durou 11 horas. Cupertino negou a autoria do crime durante depoimento.
Além dele, foram ouvidos Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado, considerados culpados por auxiliar a fuga do réu, que ou três anos foragido. Os dois foram absolvidos a pedido do Ministério Público.
Na sessão de sexta, houve os debates entre acusação e defesa. Cada parte teve 2h30 para expor sua tese ao Conselho de Sentença – tempo que se repetiu na réplica e tréplica. A audiência durou mais de 10 horas, e terminou com a votação dos jurados, seguida da condenação proferida pelo juiz Antônio Carlos Pontes de Souza.
Entenda como funcionou o julgamento
- O julgamento pelo Tribunal do Júri começou na quinta-feira com o sorteio dos jurados: de uma lista de 25 nomes, sete são sorteados para compor o Conselho de Sentença.
- Os jurados sorteados fizeram a leitura das peças principais do processo, para se inteirar do caso julgado.
- Após a leitura dos casos, aconteceu as oitivas das testemunhas.
- Na sexta-feira, começou a fase dos debates, quando representantes da Acusação, da Defesa e do Ministério Público expõem suas teses ao Conselho de Sentença.
- A fase dos debates funcionou da seguinte forma: primeiro, a Acusação tem a palavra. O promotor de Justiça Thiago Alcocer Marin, representando o Ministério Público, e a assistente de Acusação Maria Gorete Silva Carvalho tiveram a palavra por duas horas e meia.
- Após os debates, o Conselho de Sentença se reuniu na sala secreta para votar os quesitos e decidir sobre a condenação ou absolvição dos réus.
- A etapa final foi a preparação da pena e leitura da sentença pelo juiz.
Relembre o crime
O triplo assassinato aconteceu no dia 9 de junho de 2019 em Pedreira, na zona sul da capital paulistana.
De acordo com denúncia do MPSP, Paulo Cupertino matou o ator Rafael Miguel, que na época tinha 22 anos, o pai dele, João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe, Miriam Selma Miguel, de 50, porque não aceitava o namoro do jovem com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos.
Os pais do ator estavam no local porque queriam conversar com Cupertino sobre o namoro dos filhos.
Segundo a denúncia, Cupertino disparou 13 vezes contra as vítimas. Ele foi acusado de triplo homicídio qualificado. Depois do crime, fugiu para Mato Grosso do Sul e, em seguida, para o Paraguai. O acusado foi preso na mesma região onde o crime ocorreu, escondido em um hotel, em maio de 2022.