Empresa que tem Pablo Marçal como investidor é suspensa pela Susep

São Paulo — A Superintendência de Seguros Privados (Susep) determinou a suspensão temporária da venda de produtos pela LTI Seguros e da comercialização dos serviços prestados pela sua representante, a Loovi Seguros, empresa que tem entre seus investidores o empresário e influenciador Pablo Marçal, que foi candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo no ano ado.

A suspensão foi decidida pela Susep na última sexta-feira (14/3). A medida foi tomada após denúncias de supostas irregularidades envolvendo a comunicação da Loopi Seguros, que se apresentava como seguradora mesmo sem ter registro na Susep.

De acordo com a Susep, apesar de ter feito alterações em seu site com o objetivo de esclarecer a relação com a Loovi Seguros, a LTI “não conseguiu eliminar a confusão informacional que surgiu entre os consumidores”.

Segundo o órgão, a falta de clareza em relação à companhia prejudicou “veículos de imprensa e a sociedade civil de uma forma geral, levando, inclusive, à conclusão já socialmente defendida de que a Loovi possa fazer parte do mercado não autorizado de seguros”.

Entenda o caso

Em janeiro deste ano, a Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor) apresentou uma denúncia na Susep contra a Loovi, afirmando que a empresa era apenas uma representante da LTI, e não uma seguradora.

Em sua decisão, a Susep exige que a Loovi tome medidas como a exclusão de qualquer material ou peça de propaganda que confunda os consumidores, além da inclusão de “informações claras sobre a condição da Loovi como representante da seguradora”, inclusive informando o percentual de participação de sua controladora.

O que é e o que faz a Loovi Seguros

A Loovi Seguros é uma plataforma que oferece o serviço de seguro para carros. Ela é acusada de se apresentar como uma seguradora autorizada pela Susep, apesar de não ter registro na autarquia. Na realidade, segundo a Fenacor, a empresa é uma representante de seguros denominada CW Technology.

A Loovi tem entre os seus garotos-propaganda nomes como os influenciadores Renato Cariani e Whindersson Nunes e anunciou, na semana seguinte à denúncia da Fenacor, que patrocinaria o jogador Neymar, do Santos, após o seu retorno ao futebol brasileiro.

Devido a inserções na imprensa na venda de seguros, a Fenacor aponta que a empresa realiza uma “massiva propaganda enganosa, induzindo e mantendo o consumidor no erro”.

Já a LTI Seguros é participante do chamado “sandbox” regulatório – um ambiente que permite a adoção de produtos inovadores por empresas nascentes. A companhia é autorizada a atuar em seguros de danos em âmbito nacional, com capital autorizado de R$ 13 milhões.

A empresa, contudo, é controladora por uma das sócias da CW Technology — ou seja, pela Loovi Seguros. Essa informação não seria informada aos consumidores, o que fere as normas do Conselho Nacional de Seguros Privados.

Ligação com Marçal

Em vídeos publicados nas redes sociais, Pablo Marçal classifica a Loovi como “a Netflix dos seguros” e diz que a empresa será a maior seguradora do país em alguns anos.

Em buscas na internet, a companhia aparece como “a seguradora de Marçal” em resultado patrocinado que direciona ao site da empresa.

Na denúncia apresentada à Susep, a Fenacon questiona o vínculo de Pablo Marçal com a Loovi, já que o influenciador já teria se apresentado com um dos donos da empresa sem constar formalmente como sócio.

Conforme noticiado pelo Metrópoles em setembro de 2024, Marçal começou a anunciar a Loovi em seu reality show de empreendedores, chamado “La Casa Digital”, como patrocinadora do programa.

“Realmente, a Loovi é uma seguradora. Seguradora! (…) Tá na Susep, não é uma associação, não sei o que, é uma seguradora. E essa seguradora é muito simples: É o Netflix dos seguros. Eu estou te garantindo”, afirmou Marçal em um evento.

Apesar das afirmações, a Loovi, na realidade, está em nome de outro influencer, Quezide Cunha, que dá “conselhos bilionários” na internet. Quezide também é presidente da LTI Seguros SA e é próximo a Marçal.

Marçal, por sua vez, tem uma sociedade em conta de participação com o nome Loovi, que não tem, entretanto, elo societário com a LTI ou a Loovi Seguros.

Procurado pela reportagem do Metrópoles neste domingo (16/3), Pablo Marçal, por meio de sua assessoria de imprensa, diz que não comentará o caso.

Em fevereiro, o empresário informou que é “investidor, e não sócio da empresa, assim como em dezenas de outras companhias”. “A Loovi é uma insurance e a LTI é da mesma holding. Não existe irregularidade nenhuma”, disse, na ocasião.

Loovi diz que já regularizou sua situação

Em nota divulgada no sábado (15/3), a Loovi afirma que já atendeu a todas as exigências da Susep e espera receber a autorização para retomar a venda de seus produtos.

“A empresa já cumpriu com todas as exigências regulatórias e seguirá rigorosamente todas as regras para continuar oferecendo aos brasileiros desassegurados um seguro ível, simples e rápido, garantindo a inclusão e a proteção de quem mais precisa”, informa a Loovi.