Policial civil delatado por Gritzbach movimentou R$ 2 mi em carrões
Preso por suspeita de participação na morte de delator do PCC, Eduardo Monteiro faturava alto em concessionária de carros de luxo, diz PF
atualizado
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São Paulo — O policial civil Eduardo Lopes Monteiro, preso por envolvimento na morte do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) Vinícius Gritzbach, executado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro do ano ado, movimentou R$ 2 milhões em carros de luxo negociados pela concessionária Baronesa Motors LTDA, da qual era sócio. A movimentação financeira foi apontada em relatório da Polícia Federal (PF). O policial é um dos 14 indiciados nas investigações.
O Metrópoles teve o às 376 páginas do relatório final das investigações, que começaram a partir do trecho da delação de Gritzbach que dizia respeito às extorsões que teria sofrido de investigadores e um delegado. A equipe da Polícia Civil era responsável pelas investigações que apontavam o delator como o assassino do traficante Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta. Gritzbach morreu negando o crime e afirmou que os policiais levaram relógios de luxo, se apossaram de um sítio e de dinheiro vivo em meio a uma cobrança de R$ 40 milhões.
No capítulo do documento da PF que trata sobre o tema, os investigadores revelam que as anotações e as planilhas relacionadas à contabilidade da concessionária Baronesa Motors, apreendidas na residência de Eduardo Monteiro, demonstram que ele atuava diretamente na istração e negociação de veículos.
Nos documentos, constam relatos sobre a negociação de vários modelos de luxo importados, como BMW X1, BMW x4, Audi Q5, Jaguar, Porshe, Mercedes-Benz, Mustang, Land Rover Defender, além de Toyota Hilux SW4, Jeep Comander, Jeep Com, Honda Civic, entre outros (veja abaixo).

Em interrogatório, Eduardo Alves Monteiro alegou que recebia uma pequena quantia como participação na concessionária — que não era istrada por ele, segundo declarado em depoimento — e mencionou ter sofrido prejuízos com o negócio.
No entanto, a planilha apreendida pelos investigadores revela o contrário e indica um negócio altamente lucrativo para os proprietários. Em folha à parte, há uma tabela com as colunas “mês, valor por mês e dividido em 2”, na qual os valores contabilizados superaram R$ 1,4 milhão.

Imóveis de alto padrão e carros de luxo
Segundo as investigações, Eduardo Lopes Monteiro teve duas sociedades para construção de imóveis de alto padrão e venda de carros esportivos importados.
Há um ano, Monteiro deixou as empresas e sua mulher permaneceu em seus quadros. Nas empreitadas, ele se associou a um empresário que é filho de Lourival Gaeta, um ex-delegado do Departamento de Ordem Polícia e Social (Dops) acusado de tortura ao lado do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Monteiro era investigador policial de classe especial e ganhava R$ 11,9 mil líquidos por mês. O policial civil foi citado pelo delator Vinícius Gritzbach como um dos agentes que cometeram “ilicitudes e arbitrariedades” na investigação sobre a morte de Cara Preta.
Os agentes e um delegado citados por Gritzbach foram afastados temporariamente de suas funções. Em dezembro, acabaram presos.
O Metrópoles já havia mostrado que outro policial civil, conhecido como Rogerinho, ganhava R$ 7 mil mensais e era sócio de uma construtora em Praia Grande , no litoral paulista, que ergueu cinco condomínios de 37 casas.
A execução de Gritzbach
Gritzbach foi fuzilado com 10 tiros ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, após voltar de uma viagem a Maceió ao lado da namorada, Maria Helena Paiva Antunes, de 29 anos. Os assassinos foram avisados sobre a chegada do delator do PCC ao aeroporto por um olheiro, identificado como Kauê do Amaral Coelho.
Na última quinta-feira (13/2), a Polícia Civil realizou uma operação contra o suspeito de ser o mandante do assassinato de Gritzbach. Ele foi identificado como Emílio Carlos Gongorra Castilho, também conhecido como Bill ou João Cigarreiro.
Emílio é suspeito de ter participado do sequestro de Gritzbach, em 2022, por integrantes da facção e policiais civis que atuavam junto aos criminosos.
Ele é integrante do crime organizado do Rio de Janeiro e teria emprestado dinheiro a Gritzbach. A polícia ainda não confirmou se este seria o motivo da suposta ordem de assassinato. Até o momento, Cigarreiro não foi localizado.