PSDB confirma candidatura de Datena a prefeito com José Aníbal de vice
Convenção do PSDB realizada neste sábado (27/7) na Alesp homologou candidatura do apresentador José Luiz Datena à Prefeitura de SP
atualizado
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São Paulo — O PSDB oficializou neste sábado (27/7) a candidatura do apresentador José Luiz Datena à Prefeitura da capital e anunciou o ex-senador e presidente municipal do partido, José Aníbal, como vice na chapa pura.
O anúncio foi feito na convenção realizada pelo partido na manhã deste sábado, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Na véspera, a cúpula do PSDB já havia batido o martelo pela candidatura de Datena, para impedir uma disputa interna, rechaçada pelo apresentador.
Militantes tucanos contrários à candidatura de Datena, liderados pelo ex-presidente do diretório municipal do partido, Fernando Alfredo, foram à Alesp protestar contra a decisão do PSDB. Com apitos e cornetas, eles lotaram os corredores da Assembleia e gritavam por “democracia”.
Logo no início de seu discurso, Datena criticou a manifestação contra sua candidatura. “Está ali fora gente financiada por canalhas que são contra a democracia”, disse, antes de voltar a criticar a polarização política no país.
“Não queremos mais polarização entre Bolsonaro e Lula. E não queremos essa ação de marionetes do Bolsonaro e de Lula”, disse. “Não queremos mais ódio nesse país.”
“Aceitamos o voto do bolsonarista que não vai votar no [prefeito Ricardo] Nunes porque sabem quem ele é. Aceitamos o voto de quem gosta do Lula e que não vai votar no [deputado Guilherme] Boulos porque sabe quem ele é”, completou o apresentador.
Datena lamentou o atentado contra o ex-presidente americano Donald Trump, de quem disse não ser fã, e fez um discurso muito pautado na área de segurança, tema central do programa diário que apresentava na TV Bandeirantes.
“Não queremos que São Paulo e o Brasil virem um narcoestado”, afirmou.
Ataques a Nunes
Em discurso enfático, prometeu “limpeza e clareza” nos serviços públicos e em especial das licitações feitas pela gestão Nunes.
Ele também afirmou confiar no governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), no Ministério Público e nas polícias, mas disse que o crime organizado está “infiltrado” no poder público.
“De onde veio dinheiro para financiar toda essa gente do lado de fora? Quem tem esse dinheiro para carro de som">
Datena criticou Lula e Nunes, mas fez mais ataques ao prefeito ao dizer que ele tentou fugir do bolsonarismo, mas teve de acatar a indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à sua vice.
“Ficou com medo e borrou a fralda”, ironizou.
Datena acrescentou que o Coronel Mello Araújo (PL), vice de Nunes, é uma “boa pessoa” e seu amigo.
“[Nunes] Até escolheu bem, mas não vai ser eleito. E ainda bem, porque seria o primeiro caso que o vice ia prender o prefeito”, disse Datena.
“Esse prefeito pé de barro não cumpriu metade das promessas do Bruno Covas”, o apresentador, que se colocou como sucessor natural de Bruno Covas. “Ele não tem a legitimidade de Bruno Covas”, disse sobre Nunes. “O mesmo Bruno Covas que me convidou primeiro para ser vice dele”.
Crítica da cúpula tucana
Presidente do PSDB municipal, o ex-senador e agora vice na chapa tucana, José Aníbal, criticou a manifestação do lado de fora do auditório e a comparou ao fascismo. “Isso não é democracia. É delinquência. Camisas pretas, típico ato de fascistas”, disse.
Já o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo afirmou que Datena possui a “coragem cívica” própria de Mário Covas. E acrescentou que a candidatura busca furar a polarização. “É para sairmos dessa história idiota, cretina, imbecil dos extremos”, afirmou.
“Tem um mês que não se fala em outra coisa no Brasil senão o Datena”, disse Perillo.
Ele citou a homologação da candidatura de Datena, feita nessa sexta (26/7), para tirar da ala de oposição a chance de lançar uma outra candidatura. “Foi um tiro forte no peito deles. Porque agora não tem mais essa de vai, não vai. O Datena é o candidato do PSDB”, disse.
Mario Covas Neto, o Zuzinha, teve a entrada barrada pela manifestação do lado de fora e lembrou de quando o pai, enquanto governador, furou um bloqueio em frente à Secretaria de Educação, quando já tratava um câncer.
“Para entrar aqui, me agarraram, me puxaram”, disse Zuzinha. “É muito triste isso”, afirmou.
Em seu discurso, Zuzinha também ironizou críticas sobre a crise vivida pelo partido, que perdeu projeção nacional e estadual nos últimos anos, sobretudo após perder a hegemonia de 28 anos no comando do governo do estado, nas eleições de 2022.
“Havia uma voz corrente de que o PSDB acabou. Mas como que um partido que acabou gera essa disputa?”, afirmou.