Após mortes confirmadas no Brasil, surto do oropouche atinge a Europa
É a primeira vez que casos de febre oropouche são descritos na Europa. Documento publicado pelo ECDC destaca a necessidade de cuidados
atualizado
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O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) emitiu um alerta na última sexta-feira (9/8) sobre a febre oropouche, que chegou à Europa após foco inicial na América do Sul.
De acordo com o comunicado, entre junho e julho de 2024, pela primeira vez, 19 casos da doença foram notificados na Europa. Os países que tiveram casos relatados são Espanha (12), Itália (5) e Alemanha (2). Dezoito dos pacientes tinham histórico de viagem à Cuba e um para o Brasil.
Durante 2024, surtos foram relatados no Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru e recentemente também em Cuba.
“A probabilidade de infecção aumenta quando turistas visitam as áreas de risco, como o nordeste brasileiro ou a região amazônica, ou quando não tomam medidas preventivas”, explica a ECDC.
Febre oropouche
A febre oropouche é uma doença zoonótica causada pelo vírus oropouche (OROV). Na Europa, não houve transmissão comunitária, o que significa que o vírus ainda não circula ativamente no continente, ao contrário do que ocorre no Brasil.
Atualmente, parte da América do Sul e Cuba enfrentam um surto do vírus, com as primeiras mortes confirmadas recentemente no Brasil, o que aumenta a preocupação com a doença.
Transmissão e sintomas
A febre oropouche é uma doença causada por um vírus transmitido principalmente pelo Culicoides paraenses, um inseto conhecido como maruim, ou mosquito-pólvora. A doença chega aos humanos através de picadas de insetos infectados.
O vírus é transmitido por artrópodes é mais prevalente na América do Sul, depois do vírus da dengue. Os sintomas são semelhantes aos da gripe, incluindo:
- Febre repentina;
- Dor de cabeça;
- Tontura;
- Calafrios;
- Dores musculares;
- Sensibilidade à luz.
Esses sintomas normalmente aparecem de dois a cinco dias após a picada do inseto infectado. Ainda não há tratamentos específicos para a febre oropouche, mas os pacientes podem receber tratamento para alívio da dor e reidratação para controlar os sintomas.

Cuidados
O maruim é muito pequeno e tem cerca de 1,5 mm, menor que outros insetos transmissores de doenças que já conhecemos, como o Aedes aegypti, que chega a 7 mm quando cheio de sangue. O pernilongo comum fica entre 3 e 4 mm. Por isso, as redes de proteção e os mosquiteiros podem ser pouco eficazes contra o mosquito-pólvora — ele é tão pequeno que a por dentro da trama.
“As telas mais indicadas seriam as feitas de malhas muito finas, como as de tecido voil (semelhante ao tule)”, indicam as pesquisadoras Maria Clara Alves Santarém e Maria Luiza Felippe Bauer. Em entrevista à Fiocruz, elas abordaram as principais características do inseto.
Além disso, por não se tratar de um mosquito, o maruim é imune aos repelentes e à maioria dos inseticidas. Para proteção individual, portanto, os especialistas indicam usar roupas longas, especialmente no fim de tarde. Outro método eficiente é ar óleo corporal na pele, já que o inseto acaba ficando grudado no óleo e incapacitado de voar por sua pequena dimensão.
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