Spotify segue em silêncio sobre podcasts brasileiros antivacina
Plataforma disse que posição da empresa se mantém a mesma desde o dia 30 de janeiro, mas podcasts com falas contra a vacina seguem no ar
atualizado
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O Spotify segue sem explicar por que mantém no ar podcasts brasileiros com mentiras e ataques dirigidos às vacinas contra a Covid-19. Há três semanas, a coluna mostrou como age a rede de desinformação bolsonarista na plataforma. Além de o material continuar disponível, o Spotify não incluiu nos programas os alertas de fake news ou qualquer opção para denunciar o conteúdo falso.
A empresa não havia respondido a dois e-mails enviados pela coluna com questionamentos. Na terça-feira (15/2), o Spotify respondeu a um terceiro e-mail apenas com uma nota genérica publicada no dia 30 de janeiro, em inglês, afirmando que medidas contra a desinformação seriam adotadas pela plataforma. O comunicado não cita o Brasil.
Essa declaração foi divulgada depois que o cantor Neil Young exigiu a retirada de seus álbuns da plataforma. A medida foi um protesto de Young contra a decisão do aplicativo de manter no ar um programa do apresentador Joe Rogan com desinformações sobre a imunização.
Todos os programas mencionados pela coluna no último dia 28 continuam no ar sem que haja qualquer alerta para as informações falsas contidas neles. Entre outras mentiras que contrariam o consenso científico internacional, os podcasts chamam as vacinas de “veneno” e apontam riscos inexistentes à saúde de adultos e crianças.
No programa Fábio Sousa Com Você, publicado em 27 de dezembro do ano ado, o infectologista Francisco Cardoso comparou a vacinação em Israel ao Holocausto. “Imagina que incoerência? Israel propondo isolar em guetos [os não vacinados], ou sei lá, eles vão trocar o nome para não ter lembranças históricas, mas na prática é isso”, declarou. O pastor e ex-deputado Fábio Sousa, que apresentava o programa, não contestou a afirmação.