Cid pediu segurança para sua família antes de delatar Jair Bolsonaro
O depoimento de Cid foi um dos principais elementos utilizados para fundamentar a denúncia contra Bolsonaro e outras 33 pessoas
atualizado
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O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, exigiu proteção para sua família antes de fechar o acordo de delação premiada com a Polícia Federal e entregar detalhes sobre atos cometidos pelo ex-presidente.
A informação veio à tona nesta quarta-feira (19/2), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubar o sigilo da delação do militar.
A decisão de Moraes ocorre um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Bolsonaro e outras 33 pessoas pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O depoimento de Cid foi um dos principais elementos utilizados para fundamentar a denúncia.
Nos termos do acordo de colaboração premiada, Mauro Cid solicitou uma série de benefícios, incluindo:
• Perdão judicial ou pena máxima de dois anos de prisão.
• Devolução de bens e valores apreendidos.
• Extensão dos benefícios para seu pai, esposa e filha maior de idade.
• Garantia de segurança para ele e sua família pela Polícia Federal.
Apesar da colaboração, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou que as investigações apontaram possíveis omissões e contradições no depoimento de Mauro Cid. Caso essas irregularidades se confirmem, o acordo de delação pode ser anulado, e os benefícios concedidos ao militar e à sua família podem ser revogados.
O STF também determinou que os 34 denunciados pela PGR têm 15 dias para apresentar suas defesas por escrito, recebendo cópias integrais da denúncia e da delação.
A delação que complicou Bolsonaro
A delação de Mauro Cid é considerada crucial para o avanço das investigações contra Jair Bolsonaro. Entre as revelações feitas pelo ex-ajudante de ordens, estão:
• Venda ilegal de joias recebidas por Bolsonaro no exterior.
• Fraudes no cartão de vacinação para permitir a entrada do ex-presidente nos Estados Unidos.
• Discussões e planos para um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.