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A mais louca corrida do mundo (Por Fernanda Hamann)

Há uma crise a ser enfrentada. Mas, no fim do dia, nada justifica que os vigaristas possam vencer a disputa entre o bem e o mal

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1 de 1 Imagem colorida de Trump e Musk - Metrópoles - Foto: Anna Moneymaker/Getty Images

Quando eu era criança, nos anos de 1980, adorava um desenho animado chamado Corrida Maluca (em Portugal, A Mais Louca Corrida do Mundo). Dez carros, com seus pilotos pitorescos, disputavam a liderança até a linha de chegada. A Máquina do Mal, do vilão Dick Vigarista e seu cão Rabugento, atirava tachinhas à pista ou dava outro jeito de sabotar os concorrentes. Mas os planos dos malvados sempre fracassavam. Algum carro ultraava as armadilhas e vencia a corrida. No fim do dia, o Dick Vigarista lamentava a derrota e o Rabugento ria da própria desgraça.

As histórias infantis são maniqueístas porque os seres humanos não nascem dotados de consciência moral. Precisamos aprender o que é certo e o que é errado. Os mocinhos e vilões são personificações do bem e do mal, que exercem uma função civilizatória. Sentimos alívio quando o Vigarista perde no final. Isso é justo. Só depois crescemos para entender que o bem e o mal são forças presentes em todos nós.

Quando entrei na adolescência, vi uma foto, num livro escolar, de uma pilha de cadáveres muito magros, sem roupas nem cabelos, num campo de concentração nazista. Aquilo era a maldade pura. Cresci num mundo em que havia vilões de verdade: os nazistas. Ninguém duvidava disso, pelo menos publicamente. Todas as pessoas — de esquerda, de direita, progressistas, conservadoras — tinham o bem e o mal dentro de si. Os nazistas eram as exceções que confirmavam a regra. Eram a personificação do mal.

Corta para o ano de 2025.

Elon Musk, o homem mais rico do planeta, profere um discurso e faz a saudação Sieg Heil, duas vezes. Depois, desmente o sentido do seu gesto, indubitável para quem acompanha a aproximação de Musk com o partido alemão de extrema-direita AfD (Alternative für Deutschland).

Donald Trump, o homem mais poderoso do planeta, promete enviar a Guantánamo os “piores dos piores” imigrantes indocumentados nos Estados Unidos. Mas entidades internacionais denunciam que estrangeiros sem nenhum antecedente criminal já foram levados ao presídio, famoso pelas violações aos direitos humanos. (Qualquer semelhança com a criação do campo de concentração de Dachau, que serviu de modelo para os outros campos nazistas, não é mera coincidência.)

Os inimigos já foram os judeus. Hoje, são os imigrantes. A ironia é que isso aconteça no país que se tornou uma superpotência depois de enfrentar Hitler, há menos de um século.

Mas a ascensão de um ideário ultranacionalista e supremacista também ganha força na Europa. Na própria Alemanha, a AfD pode tirar bom proveito do terrível atentado cometido por um afegão em Munique, semana ada. Quantos imigrantes pagarão pelo crime de um? Qual será o preço de se alçar ao poder aqueles que não escondem a simpatia pelo legado de Hitler?

Não se pode negar que a situação global é complexa. Há uma crise a ser enfrentada, de cunho social, econômico, ambiental, migratório. Mas, no fim do dia, nada justifica que os Vigaristas possam vencer a mais louca corrida do mundo.

 

(Transcrito do PÚBLICO-Brasil)

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