Vamos deixar essa briga de gangs para depois. Só o Brasil não tem treinador.

O homem está chegando! O mito! O italiano! Carlo Ancelotti — um dos treinadores mais vitoriosos da história do futebol mundial — finalmente aceitou o desafio de tirar o futebol brasileiro dos poleiros do purgatório, onde foi jogado, por seus próprios gestores. E agora, com ares de salvador renascentista do Brasil, será recebido por aqui como se fosse uma fusão de Enzo Ferrari com Nossa Senhora de Aparecida: acelera o jogo e resolve problemas impossíveis…ou será o culpado de todas essas artes que sabemos.
Entre o amadorismo, a presunção e a ideologia, nossa política externa está perdendo o sentido da realidade

Li em algum lugar que Joaquim Nabuco, quando embaixador do Brasil nos Estados Unidos, nos primeiros anos da República, teria dito que uma virtude essencial da política externa de um país seria o senso de realidade e de proporção, querendo certamente dizer com isso não se fazer maior nem menor do que a realidade. Seria fazer justiça à nossa diplomacia reconhecer que na maior parte da nossa vida republicana a política externa brasileira tem-se mantido fiel àquela virtude, não se apequenando diante dos mais poderosos, nem cultivando a fantasia de um poder e de uma influência que naturalmente não temos.
A disputa entre o bolsonarismo e a centro-direita está sendo ensaiada desde as eleições municipais

O desfile de governadores presidenciáveis – Tarcísio, Eduardo Leite, Ratinho Júnior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado – nos EUA rascunha a reestruturação da direita pós Bolsonaro.
É provável que o Parlamento, agora eleito, fique ainda mais malcriado, com debates ainda mais grosseiros

Cinquenta anos depois do 25 de Abril e da fundação da democracia, a direita, no seu conjunto, obtém a maior vitória de toda a sua história. Quase dois terços da população escolhe os partidos da direita. E o partido da direita mais radical, o Chega, principal vencedor destas eleições, atinge um número de eleitores próximo de um quarto da população.
Quanto mais alta a escala da “autoridade” mais perigoso se torna o moralista

“Atrás de todo paladino moral vive um canalha”. Esta é uma das célebres frases de Nelson Rodrigues. A ele não importava se deixava a direita perplexa e a esquerda indignada. Por princípio, era um polemista. Não temia ir contra a opinião geral e respondia ao rótulo de reacionário porque assumia “a reação a tudo o que não presta”.
Mark Zuckerberg se gaba de defender a liberdade de expressão, mas faz todo o possível para censurar um livro sobre ele

Sarah Wynn-Williams estava trabalhando em sua mesa no escritório de plano aberto, onde todos se misturavam em uma espécie de hospitalidade alegre, com máquinas de café e refrigerantes grátis, potes de doces, torneiras servindo vinho espumante italiano grátis, quando ouviu um baque como se alguém estivesse desmaiando, depois gritos e suspiros. Perto dela, uma funcionária se contorcia no chão, vítima de uma provável crise epiléptica, com os olhos esbugalhados e uma espuma branca de saliva na boca. Enquanto ele se aproximava dela querendo ajudá-la, percebeu que ninguém ao redor parecia notar o que estava acontecendo. Os funcionários do escritório, em sua maioria homens e mulheres jovens altamente qualificados, com aquele ar informal favorecido pelas empresas de tecnologia, permaneceram absortos nas telas de seus computadores e celulares, sem se incomodar com os gritos, chutes e socos da mulher contra o chão e os móveis.
Hugo Motta ite a possibilidade de se fazer outro plebiscito para verificar se a população aceita adotar o parlamentarismo

O debate sobre o parlamentarismo, volta e meia, entra na pauta das Casas Congressuais. Tramita no Congresso um projeto que propõe um plebiscito em 2026 para a restauração do parlamentarismo no Brasil.
Há um claro desejo de reclamar mais força para o poder executivo. E esse desejo não me parece tão despropositado assim

Sim, Donald Trump é um perigo ambulante, um narcisista descontrolado com pouquíssimo amor às regras da democracia e sem qualquer respeito pelas suas instituições. Já sabemos tudo isto de cor e salteado. Mas há um aspecto da sua governação a que convém prestar atenção, porque podemos aprender alguma coisa com ele. Estima-se que desde o início deste seu segundo mandato Donald Trump já tenha emitido cerca de 140 ordens executivas, entre questões de imigração, educação ou ambiente. É um recorde absoluto. Por um lado, Trump toma essa opção para fugir a possíveis bloqueios do congresso, e fazer o que lhe dá na real gana. Mas, por outro lado – e é esse o lado que me interessa discutir hoje aqui –, há um claro desejo de reclamar mais força para o poder executivo. E esse desejo não me parece tão despropositado assim. Vale a pena explicar porquê.
O segredo do encanto de Lady Gaga? Um velho conhecido: a performance populista

Não sabendo que era impossível, Lady Gaga foi lá e fez. E não, não estou falando do recorde de público, mas do fato de que a cantora conseguiu alcançar, ainda que por um instante pequeno e fugaz, algo que o governo atual, e a esquerda de forma geral, tem tido profunda dificuldade: agradou, ao mesmo tempo, “identitários” e “bolsominions”. Ao contrário do que a maioria esperava, dada a repercussão negativa do show de Madonna, enquadrado como exemplo de “degeneração”, o espetáculo de Lady Gaga em Copacabana gerou pouquíssimo ruído moralista. Ainda que discursos religiosos tenham ganhado certa repercussão nas redes sociais, a velha narrativa de pânico satanista não ecoou nem alto, nem longe. Na verdade, muito pelo contrário, no Instagram oficial da ex-deputada evangélica Carla Zambelli, por exemplo, elogios abertos à cantora foram tecidos. O segredo do encanto de Lady Gaga? Um velho conhecido: a performance populista.
Um polo da política brasileira foi estabelecido em Pequim

O exercício da política no Brasil possui características muito especiais. Nos últimos tempos, deputados, senadores, governadores e ministros de estado têm procurado desenvolver debates e eventuais conchavos no exterior. Já foram realizados vários congressos em Lisboa, inúmeros em Londres, mas é em Nova Iorque que ocorre o maior número de encontros políticos brasileiros. A todo momento figuras de destaque no Brasil se reúnem na cidade norte-americana para trocar ideias diante de repórteres convidados para ouvir ideias e presenciais negociações.
A Caxemira abastece cerca de 75% da água total do Paquistão, e 30% da água total da Índia

A guerra entre a Índia e o Paquistão em torno da Caxemira é uma guerra, fundamentalmente, por causa da água. Podemos viver sem petróleo? Seria desastroso em nossa vida cotidiana, mas seria possível. Podemos viver sem água? Não. Na medida em que a água venha a ficar cada vez mais escassa, as guerras d’água se tornarão cada vez mais frequentes e desastrosas.
Israel considera que o bloqueio à entrada de ajuda é essencial para pressionar o Hamas, mas à luz do direito internacional é ilegal

Depois de, já esta semana, três responsáveis israelitas terem reconhecido que o território de Gaza está prestes a sofrer fome generalizada, o mundo acordou na quinta-feira (15/5) com a notícia de um novo bombardeio na zona de Khan Yunis. Mais 79 mortos. Tinha havido outro ataque na noite anterior.
Leão XIV escolheu um grande desafio com um grande peso. Será que ele vai adiante?

Está muito cedo para saber-se o que aconteceu nas quatro sessões que levaram os cardeais a escolher o Cardeal Robert Prevost, americano e peruano, para tornar-se o Papa Leão XIV. Ele adquiriu a nacionalidade peruana, uma vez que a legislação daquele país exige que todo cidadão que esteja há mais de dez anos ali se naturalize peruano. Só ele pode dizer se foi uma vontade pessoal e um amor que cresceu ou se apenas cumpriu uma exigência legal. O certo é que, de uma forma ou de outra, a legislação pode ter influenciado na sua escolha.
Cai o presidente da CBF. Revelados áudios de agente da Polícia Federal sobre a trama golpista do 8 de janeiro
Há pessoas – no plano familiar, ou no plano político, público – que marcam sua agem na vida com dignidade, fraternidade e grandeza

José ‘Pepe’ Mujica, nascido em maio de 1935, que nos deixou hoje, é um desses luminosos. Exemplo do que há de mais nobre na política: utopia igualitária, ideal de transformação social, autocrítica, coerência de vida, simplicidade, tenacidade.