body { font-family: 'Merriweather', serif; } @font-face { font-family: 'Merriweather-Regular'; src: local('Merriweather-Regular'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-regular.woff2') format('woff2'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-regular.woff') format('woff'); font-display: swap; } @font-face { font-family: 'Merriweather-Bold'; src: local('Merriweather-Bold'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-bold.woff2') format('woff2'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-bold.woff') format('woff'); font-display: swap; } @font-face { font-family: 'Merriweather-Heavy'; src: local('Merriweather-Heavy'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-heavy.woff2') format('woff2'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-heavy.woff') format('woff'); font-display: swap; } @font-face { font-family: 'Merriweather-Italic'; src: local('Merriweather-Italic'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-italic.woff2') format('woff2'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-italic.woff') format('woff'); font-display: swap; }
metropoles.com

O futuro é feminino (por Gustavo Krause)

A revolução feminina anuncia a mais elevada forma de civilização

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Getty Images
Dia Internacional da Mulher
1 de 1 Dia Internacional da Mulher - Foto: Getty Images

Na origem, a frase é o slogan de um movimento feminista separatista lésbico dos anos setenta, fotografado, em 1972, nos suéteres das parceiras, CaraDelivingne, atriz e modelo, e a cantora Annie Clark, conhecida como St. Vincent.

No entanto, a difusão da mensagem foi ampliada como um mote propagandístico da Labyris Books, a primeira livraria de mulheres na cidade de New York. Posteriormente, um clique de Liza Cowan fotografou sua namorada Alix Dobkin postada no Instagram @h_e_r_s_t_o_r_y (1975), dedicado às imagens de lésbicas históricas, que, levou a designer Rachel Berks produzir 25 camisetas com a frase e vendidas em dois dias. Atualmente, parte da venda de camisetas é destinada a ONGs feministas.

A partir de então, o slogan ganhou vida própria, afastando-se do mercado da moda e assumindo um significado político que está contido na carta convocatória para a greve mundial das mulheres em 08 março de 2017 e cujo propósito é “construir […] um feminismo para 99% […] um feminismo solidário com as trabalhadoras, suas famílias e aliados em todo o mundo” (Angela Davis e Nancy Fraser).

No caso específico do movimento de emancipação feminina, estamos diante da mais antiga das opressões sob espessas camadas de violência; da força deletéria dos costumes; de um arcabouço legal permissivo, legitimador da submissão e da exclusão social e política.

É bem verdade que houve avanços, conquistas, fruto de uma virtude invencível: a coragem das mulheres. Aliás,  coragem magnânima capaz de estender a mão, conciliar e perdoar. Porém o caminho em direção ao exercício de um papel histórico da mulher ao lado do homem é um percurso longo e sinuoso na competição pelo poder): as mulheres somam 52% do eleitorado brasileiro e, sub-representadas, ocupam 17% dos 513 mandatos de deputados federais; 18% dos 81 mandatos de senadores; duas governadoras em 27 estado. Este quadro se repete nas esferas subnacionais – Estados e Municípios – e em qualquer setor onde está em jogo espaços de poder e a diferença dos níveis de remuneração.

Apesar do avanço sobre a questão da violência (Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio)), em 2024, a cada 17 horas, uma mulher morreu em 9 estados monitorados pela Rede de Observatório da Segurança. Majoritariamente, as vítimas são mulheres pobres e negras.

Porém, em todos os campos profissionais, as mulheres, ora com o exemplo da resistência ou com o ímpeto do desbravamento, têm evoluído sistematicamente. O grande inimigo silencioso, traiçoeiro e covarde é a misoginia, a arma afiada pela aversão ao feminino.

Diante das profundas mudanças da sociedade contemporânea, o fortalecimento da luta das mulheres aponta para uma aliança com os homens dotados de uma energia vital, a “ânima”, espírito dotado de subjetividade, emoções, espiritualidade ampla, intuição, criatividade, imaginação e sensibilidade.

Tem crescido o número de homens dispostos a pensar e agir solidariamente na luta pela igualdade das mulheres. Com o evidente risco da omissão, ressalto dois notáveis pensadores que carregaram dentro de si a visão antecipada do futuro e este futuro era feminino.

No século XIX, a mente aberta do inglês John Stuart Mill (1806-1873) e uma obra fecunda que deram brilho e força ao liberalismo clássico. Ao mencionar a tríade “O Governo Representativo”, “Sobre a Liberdade” e a “Sujeição das mulheres”, harmonizando vários ramos do pensamento liberal, Merquior batizou-a de a “Bíblia Libertária”, uma fortaleza intelectual contra as tiranias da opinião e da maioria.

Educado por um pai rigoroso, o radical utilitarista James Mill (1773-1836) submeteu o filho ao aprendizado precoce de tal forma que ensinou grego aos três anos; aos oitos, Mill havia lido Platão, Xenofonte e Diógenes; na adolescência, além da leitura voraz, ensinava latim aos irmãos; aos vinte anos “a máquina pensante enguiçou” numa crise depressiva; ao refletir, já adulto, dissera, segundo um dos seus biógrafos: “eu nunca fui um menino”, “cresci na ausência do amor e na presença do medo”.

Pois bem, a carência do afeto foi suprida por uma mulher brilhante Harryet Taylor (1807-1858), com quem durante vinte anos manteve um relacionamento não convencional, porém discreto, vindo a casar dois anos após o falecimento do marido. Por mais que os autores da época teimem em negar a influência de Harriet, ele exaltava sua mente como “um instrumento perfeito” e as firmes convicções que o levaram a se tornar adepto da luta das mulheres e, como parlamentar, defender o sufrágio universal e outras “heresias da época” a exemplo da reforma agrária para solucionar a questão irlandesa e das cooperativas para democratizar a propriedade.

Na transição do século, registro a grandeza e originalidade do pensamento de Domenico De Masi, um amante do Brasil e um crente no nosso futuro. Um ser humano guiado pelo que chamava de “otimismo da razão” foi, assim, descrito por Roberto D’Avila: “Conviver com De Masi, professor por excelência, é aprender com seus exemplos de dignidade e elegância de espírito” (Apresentação de O Mundo ainda é jovem – São Paulo: Vestígio, 2019).

Para ele, a revolução feminina anuncia a mais elevada forma de civilização e explica: “A sociedade industrial nasceu do iluminismo […] O iluminismo acrescentou que tudo que é racional, é masculino, e se refere à produção e se faz na empresa […] Tudo que é ruim, ao contrário é emocional e emocional é feminino e feminino se refere à reprodução e a reprodução é feita em casa. Houve, portanto, uma cisão terrível entre os homens que se atribuíram o poder e o monopólio do trabalho e as mulheres foram deixadas em casa. Mas, hoje, nos damos conta de que as empresas não progridem sem ideias, e isso requer fantasia, subjetividade, estética, emotividade, subjetividade. Quem tem isso são as mulheres. Não é dádiva da natureza. É que nós homens nos descuidamos e as mulheres cultivaram […] caminhamos para uma sociedade em que a mulher estará à altura dos homens. Isso não acontece por bondade dos homens. As mulheres lutaram para impor essa realidade”.

 

Gustao Krause foi ministro da Fazenda 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os os a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?