Bolsonaro, o morto-vivo, busca uma imagem que incute medo à justiça
Ai de ti, Copacabana!
atualizado
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No início deste mês, a jornalistas que o assediaram no aeroporto de Brasília, Bolsonaro disse: “Só depois de morto indico outro candidato [à presidência da República nas eleições de 2026]”. Juridicamente, ele já está perto de morrer e não se conforma.
Condenado duas vezes à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2023, o Supremo Tribunal Federal parece pronto para condenar Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta da democracia e organização criminosa.
A denúncia de tais crimes feita pela Procuradoria-Geral da República será acolhida nos próximos dias 25 e 26, e tudo indica que por unanimidade pela Primeira Turma do tribunal. O julgamento deverá terminar até o final deste ano.
Uma vez condenado a uma pena de 30 a 40 anos, ele será preso e sua inelegibilidade aumentará exponencialmente. Somente poderá ser solto e candidato a um posto eletivo se for anistiado ou indultado por um presidente da República seu amigo.
A anistia que o beneficia e aos demais acusados pelos mesmos crimes depende da aprovação do Congresso. Lula a vetará e o Congresso derrubará o veto. Caberá ao Supremo a última palavra. Mas, e se Lula decidir respeitar a decisão do Congresso?
Nas contas de Lula, enfrentar Bolsonaro não lhe faria mal. Ele acredita que poderia derrotá-lo outra vez, atraindo parte dos votos da chamada direita civilizada, como aconteceu em 2022. Ocorre que a anistia ou o indulto é a única saída que resta a Bolsonaro.
Que tal esse cenário? É por isso que logo mais à tarde, no Rio de Janeiro, Bolsonaro pretende dar sua primeira demonstração de força desde que retornou dos Estados Unidos ao Brasil depois do golpe mal sucedido em 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaro está em busca da imagem de uma multidão que impressione e incute medo à justiça e nos que aspiram a substitui-lo no comando da direita e da extrema-direita. É vital para ele mostrar que não perdeu apoio popular.
Se o comício em Copacabana for um sucesso, outros haverão de ser promovidos país afora. Em 2018, antes de ser condenado e preso, Lula peregrinou por vários Estados para fazer sua defesa prévia. Bolsonaro adotará a mesma receita. A não ser…
A não ser que, em desespero, se precipite e fuja do país. Ou que peça asilo político em uma embaixada. Na época em que se definia como “imorrível, imbrochável e incomível”, Bolsonaro disse que jamais se deixaria prender. Quando militar, foi preso e não gostou.