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Tudo é política no ativismo digital das mulheres negras

As relações amorosas, a solidão, o corpo, o cabelo. Cada post é um incentivo à consciência

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Marcha Mulheres Negras
1 de 1 Marcha Mulheres Negras - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Quando as mobilizações se afastam das ruas, as redes socais se transformam em guerrilha. Ainda mais para quem, historicamente, sempre teve mais batalhas para enfrentar: as mulheres negras. Em seu ativismo digital, tudo é político: as relações amorosas, a solidão, o corpo, o cabelo. Ainda que embaralhados pelo consumo, em uma sociedade racista e machista, cada post de uma preta é um incentivo à consciência.

O ativismo dessas mulheres começou com a popularização dos blogs nos anos 2000, até desembarcar nas redes sociais atuais. Grupos de discussão, sites de opinião e influenciadoras impulsionam o engajamento e o alcance, tocando as dores, aquecendo críticas e despertando subjetividades que não se interessam pela gramática dos movimentos institucionalizados. São pessoas que desejam valorizar a imagem de negros e negras como maneira de enfrentar uma sociedade que supervaloriza a branquitude. Querem encontrar discursos e compartilhar caminhos comuns.

As lições e contradições da Federação Negra Brasileira e do Movimento Negro Unificado parecem ecoar nos vídeos e textos. Afinal, certas questões teimam permanecer: a discriminação, violência de gênero, os direitos políticos e trabalhistas. Esses dois movimentos, presos às questões de suas épocas, foram incapazes de abraçar as intersecções contemporâneas entre raça, gênero, classe e sexualidade. Hoje, vozes multifacetadas, sem lideranças nítidas, mas com discursos próximos, prevalecem.

As representações e as dinâmicas das mulheres negras nas redes sociais é o tema desenvolvido pelo artigo “Ativismo feminista negro digital: políticas estéticas e afetivo-sexuais”, escrito por Cristiano Rodrigues e Bruna Cristina Jaquetto Pereira e publicado nos Cadernos Pagu, da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) em 2023.

As autoras utilizaram o grupo de encontros Afrodengo e o site Blogueiras Negras como base de sua pesquisa. Na época, ambos eram páginas de Facebook. Pode parecer ultraado na linguagem, mas as temáticas não perdem a validade e servem de referência para tempos instagramáveis.

Segundo o estudo, são espaços ocupados predominantemente por mulheres jovens, urbanas e de classe média baixa que, usando um discurso individualizante, consumista e neoliberal muitas vezes, ajudam ampliar o alcance do ativismo negro no Brasil.

“Os aspectos estruturais das desigualdades raciais e do racismo são, nesse contexto, menos visíveis, e os individuais, mais proeminentes, o que permite uma pronta autoidentificação e engajamento. Esse interesse inicial pode servir como porta de entrada para debates de caráter mais evidentemente coletivos ou estruturais; contudo, não há garantia de que isso aconteça”. Esse trecho resume bem as características desse ativismo. É a politização da estética, dos afetos, que reúne as pessoas.

O Blogueiras Negras nasceu em 2013, fruto de uma dissidência de um outro blog feminista. Quando as participantes não-brancas perceberam que o racismo era ignorado, fundaram outro espaço. Além de questionar o racismo e o sexismo, fala sobre estética, relacionamentos afetivo-sexuais, representatividade e empoderamento individuais. A transição capilar é um dos temas que mais atraia as participantes, que dividem experiências, técnicas, cultivando os fios das negritudes

Encontrar um parceiro – a maioria dos textos era heterossexual e monogâmico – é visto com ceticismo na maioria dos textos e sobram críticas aos homens negros que escolhem relações com mulheres brancas, “uma internalização do racismo contra si próprio”. Segundo o trabalho, “as discussões têm acentuada ênfase em consumo e noções simplistas de empoderamento e resistência, que convergem para o que Nancy Fraser chama de “neoliberalismo progressista”.

O aplicativo de encontros Afrodengo foi criado em 2016, como um grupo privado no Facebook – que em 2020 contava com 53 mil membros e hoje tem cerca de 12 mil.  Dengo é uma palavra da língua Kikongo, do norte da Angola, que significa “carinho”, “agrado”

Nele, havia uma diversidade que ultraa a heterossexualidade. Ao acompanhar suas dinâmicas, os pesquisadores não encontraram comentários ofensivos a posts de pessoas homo, bissexuais ou não binárias; posts dessa natureza são vetados e, se postados, são rapidamente apagados pela moderação. “A utilização da linguagem inclusiva de gênero é outro traço da queerização do espaço”.

A nudez é proibida, mas os “seminudes”, com seus decotes, nádegas e torsos revelam corpos de homens e mulheres com tamanhos e tons de pele variados. Entre xavecos e declarações, alguns conflitos são inevitáveis – e o machismo é o alvo do ataque das mulheres, enquanto os homens respondem com críticas ao feminismo negro.

Para os pesquisadores esses espaços não fortalecem a mobilização social contra o racismo, não são um movimento social, pelo seu caráter individualista e efêmero. Mas fomentar debates raciais acaba incorporando argumentos relacionados ao ativismo. Quem sabe é um primeiro o para um movimento social com características distintas ao MNU e FNB.

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