Procurador do TCU bota Alexandre Padilha na parede
Coluna revelou que Padilha ganhou cargo de “presidente de honra” de entidade com interesses econômicos no Ministério da Saúde
atualizado
Compartilhar notícia

O subprocurador-geral Lucas Furtado, representante do Ministério Público (MP) junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), pediu nesta terça-feira (11/3) que a Corte apure a atuação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), como “presidente de honra” da China Hub Brasil, associação com patrocinadores e apoiadores com interesses econômicos na pasta.
O caso foi revelado pela coluna nessa segunda-feira (10/3). Já nesta terça-feira, a assessoria do ministro informou que ele voltou atrás e não vai mais ocupar o cargo.
Furtado solicita a “adoção das medidas necessárias a investigar possível conduta em conflito de interesses e atentatória à moralidade istrativa” sobre Padilha, na mira do TCU.
A entidade busca “a relação econômica, cultural e comercial entre empresas brasileiras e chinesas”. Além de fomentar contatos entre empresas brasileiras e chinesas, dará consultoria para associadas e promoverá parcerias públicas e privadas.
“A conduta do Ministro Padilha, mesmo que não o coloque em conflito de interesses do Ministério da Saúde e da sociedade brasileira com os interesses da associação China Hub Brasil e seus associados e patrocinadores – o que é difícil crer e precisa ser apurado – ao concordar em assumir o cargo honorário, estreitando laços de relações pessoais e afinidades com empresas e dirigentes que têm atividades e interesses de relevante significado econômico e financeiro subordinados ao Ministério da Saúde, prejudica a reputação da instituição a qual se encontra vinculado e contribui para abalar a confiança da sociedade no governo e nas suas instituições, com graves riscos para a estabilidade social”, escreve na representação.
Esse não é o primeiro pedido ao novo ministro da Saúde sobre o caso. Como mostrou a coluna, menos de duas horas após tomar posse, Padilha recebeu requerimento de convocação da Câmara dos Deputados.
O lançamento oficial da associação ocorrerá na próxima sexta-feira (14/3), na cidade de São Paulo, com patrocínios da Mindray, uma das principais fornecedoras globais de instrumentos médicos, e da Tegma, empresa de logística de farmacêuticos.
O evento também tem apoio do Banco da China e da Huawei, gigante chinesa de tecnologia com parcerias para levar à transformação digital na saúde brasileira. A participação de Padilha, que já aceitou o cargo não remunerado, é aguardada no evento.
Padilha consultou a Comissão de Ética Pública (CEP) para saber se poderia exercer o cargo e obteve aprovação. O pedido, todavia, foi enviado em 6 de fevereiro, quando ainda era ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI).
Por isso, não avaliou a relação das empresas chinesas que participariam como financiadoras ou apoiadoras da associação. Na ocasião, já se ventilava que Padilha assumiria o comando do Ministério da Saúde, onde sempre acumulou bastante influência, inclusive nas nomeações de secretários.