Dólar dispara e Bolsa afunda com aumento das tensões entre EUA e China
Investidores se preocupam com escalada na tensão entre EUA e China após declarações de Donald Trump. No Brasil, PIB veio dentro do esperado
atualizado
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O dólar fechou a última sessão do mês de maio, nesta sexta-feira (30/5), em forte alta, refletindo a reação negativa dos investidores em relação à nova escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos de Donald Trump e a China.
No cenário doméstico, as atenções do mercado se concentraram na divulgação dos dados sobre o desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano, que veio um pouco abaixo das expectativas.
Dólar
- O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira em alta de 0,91%, negociado a R$ 5,718.
- Na cotação máxima do dia, o dólar bateu R$ 5,74. A mínima foi de R$ 5,66.
- Na véspera, o dólar fechou em baixa de 0,5%, negociado a R$ 5,666.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumulou ganhos de 0,72% no mês. No ano, queda é de 7,4%.
Ibovespa
- O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), fechou o último pregão da semana em forte queda.
- Ao final da sessão, o indicador recuou 1,09%, aos 137 mil pontos.
- No dia anterior, o Ibovespa caiu 0,26%, aos 138,5 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumulou ganhos de 1,48% em maio. Em 2025, a alta acumulada é de 14,08%.
PIB do Brasil cresce 1,4% no 1º trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano, comparado ao quarto trimestre de 2024. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mais uma vez, o maior destaque foi o setor da agropecuária, que avançou 12,2% no período. Também houve alta, menos expressiva, em serviços (0,3%), enquanto a indústria não mostrou variação significativa (-0,1%).
Já em relação ao 1º trimestre de 2024, o PIB brasileiro avançou 2,9%, com crescimento na agropecuária (10,2%), na indústria (2,4%) e nos serviços (2,1%).
A alta trimestral de 1,4% correspondeu às estimativas do mercado. Já a expansão anual de 2,9% ficou ligeiramente abaixo da média das projeções, que rondava os 3,2%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, em determinado período. Uma alta significa que a economia está crescendo em um ritmo bom, enquanto um recuo implica encolhimento da produção econômica.
A estimativa do Banco Central (BC) para o crescimento do país neste ano é de 1,9%. O Ministério da Fazenda, por sua vez, projeta uma expansão maior, de 2,4%.
Para o mercado financeiro, o PIB do Brasil avançará 2,14% em 2025.
Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,4%, ante crescimento de 3,2% em 2023.
O resultado do PIB nos três primeiros meses do ano não surpreendeu o mercado. A tendência para o segundo semestre de 2025 é de desaceleração da atividade econômica, que não contará com a mesma força demonstrada pelo agronegócio nos últimos meses.
Segundo economistas, analistas e agentes do mercado ouvidos pela reportagem do Metrópoles nesta manhã, pouco depois da divulgação do resultado do PIB, a economia brasileira deve intensificar a desaceleração na segunda metade do ano.
Trump volta a subir o tom contra a China
No exterior, os investidores continuaram acompanhando os desdobramentos da guerra comercial deflagrada pela istração de Donald Trump contra a China e mais de uma centena de países ao redor do mundo.
Nesta sexta, Trump voltou a subir o tom e acusou a China de violar a trégua tarifária acordada entre os dois países em Genebra há apenas algumas semanas. Na ocasião, norte-americanos e chineses concordaram em suspender temporariamente a escalada de tarifas, que chegaram a 145%.
“Há duas semanas, a China corria grave perigo econômico. As tarifas altíssimas que estabeleci tornaram praticamente impossível para a China comercializar no mercado dos EUA que é, de longe, o número um do mundo”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social.
“Na prática, fomos de uma vez por todas com a China e foi devastador para eles. Muitas fábricas fecharam e houve, para dizer o mínimo, ‘agitação civil’. Eu vi o que estava acontecendo e não gostei, para eles, não para nós”, prosseguiu Trump.
“Fiz um acordo rápido com a China para salvá-los do que eu imaginava ser uma situação muito ruim, e eu não queria que isso acontecesse. Graças a esse acordo, tudo se estabilizou rapidamente e a China voltou aos negócios normalmente. Todos ficaram felizes. Esta é a boa notícia. A má notícia é que a China, talvez sem surpresa para alguns, violou totalmente seu acordo conosco.”
Trump não especificou como a China teria violado o acordo. Os comentários do presidente dos EUA marcam uma escalada nas tensões entre as duas maiores economias do mundo.
O tarifaço voltou
No fim da tarde de quinta-feira (29/5), um tribunal de apelações dos EUA restabeleceu o tarifaço de Trump, atendendo a um pedido da Casa Branca. Com isso, as tarifas voltam a ter validade.
Entre as taxas suspensas, estavam as aplicadas contra China, México e Canadá, no início do ano, além do pacote de tarifas anunciadas no “Dia da Libertação”.
Na quarta-feira (26/5), o Tribunal de Comércio Internacional do país havia suspendido as tarifas comerciais recíprocas propostas por Trump sobre os principais parceiros comerciais dos EUA, incluindo as tarifas do “Dia da Libertação”, impostas em 2 de abril. A Justiça entendeu que as medidas eram ilegais por “abuso de autoridade”.