Filme sobre Rita Lee estreia em SP com cenas inéditas da cantora
Paulistana da Vila Mariana, Rita Lee é a narradora do documentário, que tem uma entrevista inédita, gravada em 2018, com a cantora
atualizado
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A avó que fala para a neta colocar funk proibidão para tocar. A “mãe de pet” que dá requeijão para seus três gatos. E, também, a cantora que revolucionou o rock brasileiro. No documentário Ritas, que estreia nesta quinta-feira (22/5) nos cinemas, o público conhece essas e outras versões de Rita Lee, em cenas inéditas da artista.
A data de estreia, 22 de maio, não foi escolhida à toa e o espectador entende o motivo logo no início do filme.
“Um depoimento. É sério. Resolvi que a partir de hoje, a partir de 2019, meu aniversário é dia 22 de maio, dia de Santa Rita. Mas vou continuar sendo capricorniana porque não dá, eu gosto de ser capricorniana. Hello, goodbye”, diz Rita Lee para a câmera de um celular.
É, assim, conversando diretamente com o espectador do outro lado da tela, que a própria cantora conduz, como narradora, o documentário sobre sua história, inspirado na autobiografia publicada por ela em 2016.
O diretor do longa, Oswaldo Santana, diz que a decisão de mantê-la como narradora foi natural.
“A Rita é tão rica, nessa linguagem tão única, fala de assuntos sérios, de deboche… Não tem nada melhor do que ela mesma pra falar no filme dela”.
O filme intercala uma entrevista inédita de Rita Lee, gravada em 2018, com takes filmados pela própria cantora com um celular, além de imagens de arquivo de shows, e entrevistas dela feitas por nomes como Hebe Camargo e Marília Gabriela.
Quem assiste se depara com a artista em momentos íntimos, mexendo em um armário para mostrar lembranças, revisitando fotos da infância, e até gravando o marido no jardim da casa onde viveu a fase que descreve como a “mais feliz de sua vida”.
O espectador conhece o altar de Rita, que tem bonecos do ator norte-americano James Dean, ETs, e uma imagem da Ave Maria de família entre outros vários objetos. Mas conhece também momentos marcantes da vida da cantora, como o início dela música pela banda adolescente Teenage Singers, a agem pelos Mutantes (e a saída traumática do grupo), a prisão de Rita durante sua gravidez, e a construção do disco Fruto Proibido – um sucesso nacional.
O documentário não se aprofunda sobre nenhum tema, uma escolha, segundo Santana, para mostrar que Rita não se resumia a nenhum daqueles acontecimentos.
“Foi uma opção nossa [não se aprofundar], para causar esse impacto de apresentar a Rita muito maior do que qualquer fase da vida dela. Quando a gente escolhe a linguagem de ver só ela falando, claro que nos limita em algumas coisas, mas também é uma riqueza ter uma Rita ali, contando tudo de uma forma única”.
O diretor diz que o filme foi construído com a participação ativa da família de Rita desde o começo, que enviou as imagens de arquivo pessoal que fazem parte do projeto.
Foi a pesquisa da produção do projeto, no entanto, que recuperou cenas como a histórica imagem em que Rita se veste de Nossa Senhora e reza a Ave Maria antes de cantar “Todas as Mulheres do Mundo” em um show. Depois disso, ela seria excomungada pela Igreja Católica.
A personalidade irreverente, as falas sobre temas polêmicos e as provocações aos políticos também entram no filme, ao lado de cenas de Rita interpretando, como atriz, os mais diferentes personagens. A própria Rita Lee, segundo a cantora, foi uma personagem.
“Minha vida foi uma maravilha. Altos e baixos, foda-se, toco o foda-se. Mas em geral, minha vida foi o máximo”, diz a artista para o espectador.
Para Santana, o documentário mostra uma lição deixada por Rita: “Queremos inspirar as pessoas a serem mais verdadeiras, se livrarem das suas máscaras, e viverem intensamente cada momento da sua vida. É uma lição que a Rita deixa pra gente no final do dia”.