Novo remédio oferece esperança contra câncer de mama agressivo
Estudo internacional indica que nova combinação com Enhertu pode mudar padrão mundial no tratamento de câncer de mama HER2-positivo
atualizado
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Um novo estudo a ser apresentado nesta segunda-feira (2/6), nos Estados Unidos, promete inovar o combate a um dos tipos de câncer de mama mais agressivos, o HER2-positivo. O novo protocolo de tratamento se mostrou mais eficaz que o indicado como padrão globalmente.
A pesquisa será apresentada durante o Congresso Anual da ASCO, em Chicago.
O que é o subtipo HER2-positivo?
Os tumores HER2 positivo correspondem a 20% dos cânceres de mama e, ao contrário dos outros subtipos, não se alimentam de hormônios. Por isso, em geral, o tratamento principal não é cirúrgico, mas uma combinação de quimioterápicos.
Os dados do estudo DESTINY-Breast09, de fase 3 (a última antes da aprovação de um medicamento), mostraram superioridade clínica da medicação trastuzumabe deruxtecana (Enhertu), em combinação com pertuzumabe, frente ao padrão atual usado há mais de uma década (taxano, trastuzumabe e pertuzumabe).
Principais sintomas do câncer de mama
- Aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, nas mamas;
- Edema na pele, que fica com aparência de casca de laranja;
- Retração da pele;
- Dor;
- Inversão do mamilo;
- Descamação ou ulceração do mamilo;
- Secreção transparente, rosada ou avermelhada que sai do mamilo;
- Linfonodos palpáveis na axila.
Todas as pacientes tiveram melhora
A pesquisa indica que todas as 1.157 pacientes voluntárias que aram pelo novo protocolo tiveram uma melhora significativa na sobrevida livre de progressão com o novo esquema terapêutico. O resultado positivo foi observado em todos os grupos analisados, incluindo pacientes com mutações específicas e diferentes históricos clínicos.
O Enhertu, desenvolvido pelas farmacêuticas AstraZeneca e Daiichi Sankyo, é um conjugado de anticorpo e droga que atua de forma precisa na proteína HER2, expressa nestes tumores.
O medicamento funciona como um vetor de quimioterapia direta, fazendo que a medicação chegue à célula tumoral, reduzindo danos eventuais às células saudáveis e tornando a ação ainda mais efetiva nas células tumorais.
Susan Galbraith, vice-presidente da AstraZeneca, afirmou em comunicado da empresa que o estudo DESTINY-Breast09 “representa um marco significativo para os pacientes” e que o novo esquema poderá “estabelecer um novo padrão terapêutico no cenário inicial da doença metastática HER2-positiva, adiando a progressão da doença e o início de terapias adicionais”, declarou.
Novo padrão global em avaliação
De acordo com Romualdo Barroso, head de ensino e pesquisa em oncologia da Rede Américas e oncologista do Hospital Brasília, único pesquisador brasileiro entre os autores do estudo, os novos dados podem mudar o tratamento inicial do câncer de mama HER2-positivo. “Estamos falando de uma mudança significativa, que pode oferecer respostas mais profundas e duradouras para pacientes com um subtipo mais agressivo da doença. “Os dados do estudo devem mudar o padrão de tratamento adotado mundialmente”, afirmou.
Esta é a primeira vez em mais de uma década que um novo protocolo apresenta eficácia superior ao padrão-ouro como tratamento inicial para a doença metastática HER2-positiva. Os dados também sugerem tendência de benefício na sobrevida global, embora essa análise ainda não esteja finalizada.
O perfil de segurança da nova combinação foi compatível com o que já se conhecia dos medicamentos individualmente. A toxicidade observada foi considerada manejável e inferior àquela associada ao uso convencional de quimioterapia, segundo os dados previamente apresentados.
o pode avançar após aprovação
No Brasil, Enhertu já tem autorização para uso em fases mais avançadas da doença. Com os resultados do DESTINY-Breast09, o próximo o será submeter os dados às agências regulatórias, como a Anvisa, para avaliar a inclusão da terapia como opção inicial no tratamento da metástase.
Segundo especialistas, cerca de 30% das pacientes com câncer de mama que chegam à fase metastática não recebem uma segunda linha de tratamento, seja por progressão acelerada da doença ou por óbito. Por isso, o impacto de uma nova alternativa na primeira linha pode ser decisivo.
Dados globais mostram que apenas 30% das mulheres com câncer de mama metastático vivem cinco anos após o diagnóstico. O estudo DESTINY-Breast09 busca reverter essa tendência ao oferecer um controle mais duradouro desde o início do tratamento sistêmico.
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